Você sabe o que é BDR? Confira 4 cenários!

BDR

A entrada de pessoas físicas no mundo dos investimentos cresce a cada ano. O nível de escolaridade mais elevado de gerações mais jovens, o acesso à internet e a facilitação de produtos financeiros contribuem com um processo que favorece ativos como o BDR

Sigla que indica Brazilian Depositary Receipt, os BDR representam a principal classe de ativos estrangeiros comercializados em território nacional, uma simplificação da compra e venda de ações de empresas listadas em bolsas internacionais. 

Foi-se o tempo em que o cidadão comum se restringia a investimentos conservadores como a poupança e os títulos emitidos pelo governo federal. 

Hoje, o perfil do investidor busca cada vez mais diversidade, mesclando renda fixa e variável. 

Essa tendência segue uma mudança no cenário econômico do país, que apresenta uma queda na rentabilidade dos ativos de renda fixa. 

A queda de índices econômicos como o IPCA e a Selic minguou o poder de compra daqueles que investem em ativos associados. 

Os resultados se manifestam em uma retirada histórica de valores em modalidades como a poupança, que alcançou a marca dos R$53,57 bilhões em saques e transferências em 2015, no auge da migração para ativos de renda variável. 

As recentes altas do dólar, que chegou a se aproximar da marca dos R$6 também é um fator que vem atraindo os olhares dos investidores para a bolsa internacional. 

Enquanto ativos de renda variável brasileiros sofrem os impactos da crise, com quedas frequentes nos preços, algumas das principais empresas do planeta apresentaram alta, crescem em armazenamentos logísticos e vivem a sua melhor temporada financeira. 

Contudo, é necessário olhar mais a fundo a natureza dos BDRs, que por serem um ativo agressivo, ainda enfrentam relutância por parte de investidores.
Neste artigo, conheça as características, rendimentos e as razões para incluir esse ativo em sua carteira.

Modalidades disponíveis no mercado 

Os BDRs não são ações de empresas internacionais propriamente ditas, mas um intermediário que faz a comunicação entre a Bovespa e bolsas internacionais como a famosa Nasdaq, Dow Jones e Euro STOXX. 

Para investir diretamente em ações de empresas estrangeiras, o investidor deve abrir conta em corretora internacional, realizar conversões na moeda local e pagar o câmbio da corretora. Essas operações são taxadas pelo IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras. 

O BDR é uma tentativa de simplificar esse processo, transferindo a responsabilidade pela compra direta de ações para uma instituição depositária. 

Esta calibra o produto oferecido na Bovespa com as variações da ação estrangeira, seguindo critérios variados. 

Esses critérios se baseiam na conversão de moeda, na disposição de informações, nas obrigações estabelecidas pelo governo federal, que atua como uma empresa para fazer mudança, e no acesso para pessoas físicas, abordados nos tópicos a seguir. 

Antigamente, nenhum BDR estava disponível para investidores comuns. A regra para participação neste ativo era um valor de aplicação mínimo, equivalente a 1 milhão em moeda brasileira, caracterizando o comprador como um investidor qualificado. 

O crescimento na busca por ativos internacionais, notada pela abertura de contas em corretoras no exterior por investidores de pequeno e médio porte, estimulou a remoção desta regra, que hoje torna algumas modalidades mais acessíveis.

BDRs Não-patrocinados 

Os BDRs não-patrocinados representam a modalidade mais abundante na bolsa local, com a menor concentração de burocracia e maior acessibilidade para investidores menores. 

Esses títulos são caracterizados pela participação indireta da empresa estrangeira. 

A operação desses ativos é feita integralmente pela instituição depositária, que adquire as ações, divulga dados financeiros para os investidores e calibra os preços de acordo com os valores expostos na bolsa internacional. 

Nos BDRs não patrocinados, as empresas emissoras das ações compradas pela instituição brasileira não detém nenhuma obrigação com quaisquer órgãos brasileiros, não sendo responsabilizadas em caso de problemas na comercialização do produto financeiro. 

Além disso, seus dados contábeis são publicados em inglês, seguindo as normas do seu país de origem. 

É a instituição depositária que traduz e organiza as informações sobre contratos com uma empresa de limpeza profissional para os pagadores, por exemplo. 

BDRs patrocinados (Nível I) 

Os BDRs patrocinados, como o nome já indica, dizem respeito aos ativos onde há a participação direta da empresa estrangeira, com atuação parcial ou total na comercialização e disponibilização de suas ações na Bovespa. 

Muitas organizações estrangeiras demonstram interesse em fazer parte do mercado financeiro nacional, ao exemplo das empresas com sedes e operações no país, com um alto número de clientes e stakeholders locais. 

No nível I, os BDRs patrocinados não exigem o registro da empresa emissora no CMV (Comissão de Valores Imobiliários), o que a isenta de uma série de adaptações ao sistema financeiro nacional. No entanto, sua comercialização é restrita. 

Quando se fala em mercado financeiro, um dos conceitos discutidos é o “mercado de balcão”. Diferente da oferta pública, aquela que aparece no índice da Bovespa e pode ser acessada pelo home broker de uma corretora, o mercado de balcão tem ativos separados. 

Ao investir em instalação elétrica industrial aparente, o empreendedor está buscando um serviço altamente especializado, que não pode estar em um catálogo comum. O mercado de balcão é a versão financeira dos serviços especializados em plataforma própria. 

Os ativos que não podem ser negociados na Bovespa estão nas plataformas de mercado de balcão organizado ou não organizado. 

Um exemplo da prática pode ser vista em bancos digitais que oferecem aos seus clientes, em sua plataforma, a compra de seus títulos. 

Os mercados de balcão organizados são regidos por regras da Sociedade Operadora de Mercado de Ativos (SOMA), criada com base nas normas da Nasdaq. A impressão de catálogos nos mercados não organizados não precisam se adequar ao SOMA. 

Os BDRs patrocinados de nível I podem ser negociados em mercados de balcão não-organizado, mas para fazer parte da oferta pública, o número de investidores autorizados a operar o ativo deve ser restrito a cinquenta. 

BDRs patrocinados (Nível II e III) 

Os BDRs patrocinados de nível II e III exigem a inscrição do emissor dos papéis no CMV e por isso, podem ser livremente comercializados na Bovespa. 

A inserção da empresa na comissão depende de sua adequação aos padrões contábeis nacionais. 

As empresas que participam da negociação de papéis a nível II e III podem também oferecer os títulos em mercados de balcão organizados, regidos pela SOMA. 

As normas contábeis são próprias de empresas da categoria A, de grande porte. 

A maior burocracia é o que garante a versatilidade desta categoria de BDR, usada por organizações com grande atuação na América Latina. Os papéis de nível III, no entanto, são os únicos que podem ser comercializados por oferta irrestrita.

Essas regras inibem a evasão fiscal e a competitividade predatória, ideais em operações que lidam com multinacionais. Assim como outras medidas, como a regularização CNH, tais normas garantem a arrecadação de tributos para o financiamento federal.  

Os BDRs pagam dividendos? 

Uma das principais atratividades dos títulos internacionais é a possibilidade de ser remunerado em dólar ou euro. 

Muitos investidores locados em países emergentes enxergam a construção de reservas em moeda forte como uma prioridade. 

As empresas que são oferecidas na modalidade BDR estão no grupo das maiores corporações do planeta, com excelentes números em liquidez, geração de receita e investimento em tecnologia e aprimoramento. 

Portanto, as empresas internacionais, como gigantes da tecnologia em serviço de gráfica rápida e montadoras automotivas, são vistas como financeiramente seguras, com níveis similares aos governos de solvência e capacidade de arcar compromissos. 

Os dividendos são a porção do lucro líquido, deduzido de impostos e custos operacionais, destinada para a remuneração de investidores, sócios e fundadores de uma empresa.  

As organizações podem decidir se pagarão dividendos e qual será o percentual destinado. 

De acordo com a legislação nacional, após o pagamento de serviços administrativos como limpeza de carpete empresarial, 25% do lucro líquido deve ser destinado ao pagamento de sócios, mas as empresas podem decidir como e quando esse valor será distribuído. 

No caso das empresas internacionais, é necessário consultar o que diz a legislação do país onde a organização está sediada, bem como o estatuto da empresa na questão dos dividendos. Os pagamentos podem ser anuais, mensais ou semestrais.  

Em busca da segurança financeira 

A procura por produtos financeiros internacionais pode ser justificada por uma tentativa de proteger a rentabilidade familiar e corporativa das variações típicas de economias emergentes. 

Essa percepção se fortalece nos seguintes cenários: 

  • Crises de demanda (inflação, abastecimento, importações e exportações); 
  • Crises financeiras (acesso a juros, solvência e inadimplência); 
  • Transformações no planejamento familiar; 
  • Crises migratórias.

Para investidores iniciantes e com pouca experiência, a diversificação é a melhor alternativa para manter níveis elevados de rentabilidade ao passo em que mitiga o risco de perdas. A renda variável é por vezes mesclada com ativos de renda fixa para gerar o efeito. 

Portanto, os BDRs são recomendados para perfis de investimento dispostos a enfrentar maior risco, sendo um tipo de renda variável sujeita às condições externas, com quedas e aumentos acentuados em seu valor de mercado.  

Considerações finais

Sendo assim, os BDRs são produtos enriquecedores para a bolsa de valores nacional, uma tendência que aponta para a entrada de ativos internacionais no mercado local. 

A demanda elevada por esses papéis também indicam uma melhoria na educação financeira da população. 

Para investir nesses ativos, é necessário estudar as condições contábeis e econômicas a que estão submetidos, sendo esses aspectos decisivos para a sua rentabilidade, para o pagamento de impostos e para o nível de risco da operação. 

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

Matheus

Matheus Carvalho faz parte da equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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