Como conseguir uma vaga em empresas de tecnologia no exterior

A possibilidade de trabalho remoto, uma tendência impulsionada pela pandemia, derrubou as barreiras geográficas e ampliou as opções de carreira para os profissionais de tecnologia. Hoje, é possível trabalhar para uma empresa dos Estados Unidos sem sair do Brasil e ainda receber em dólar. O salário para pessoas desenvolvedoras no exterior varia entre US$ 4 mil e US$ 10 mil por mês – podendo passar dos R$ 45 mil quando convertidos dependendo da cotação do dólar –, de acordo com levantamento feito pela GeekHunter, startup de recrutamento de profissionais de TI que acaba de expandir sua atuação para o mercado internacional.

Lucas Lopes, CRO da startup, explica que empresas dos EUA e Canadá já estão habituadas a ter em seus times colaboradores de outros países. “No entanto, contratar pessoas da China ou da Índia para trabalho remoto, por exemplo, tem um gap muito grande no fuso horário. Já o Brasil e a América Latina como um todo estão mais bem posicionados, o que nos permite uma vantagem competitiva bastante alta em relação à dinâmica de trabalho”.

Para quem tem interesse em trabalhar para uma empresa estrangeira, Letícia Quevedo, recrutadora especialista em vagas internacionais na GeekHunter, elenca alguns pontos essenciais que o candidato precisa ter antes mesmo de correr atrás da vaga dos sonhos. A primeira delas é a formação, conhecimento técnico na área e claro, um bom inglês. “Empresas estrangeiras costumam contratar pessoas com um perfil mais pleno e sênior, por isso, é importante ter um pouco de experiência. Já o inglês é fundamental. No entanto, é preciso entender que o importante é conseguir se comunicar, ou seja, não necessita ser um inglês perfeito”, afirma.

Como conquistar a vaga dos sonhos

Depois de ter as qualificações técnicas para se candidatar, a pessoa precisa estudar o mercado internacional e estar alinhada à cultura da empresa desejada. “Entender como funciona o trabalho lá fora, a relação com o fuso horário, gestão do tempo, flexibilidade e autonomia é importante para ver se realmente faz sentido para o estilo de vida que a pessoa leva aqui no Brasil”, comenta Letícia.

O próximo passo é atualizar o currículo e o Linkedin, traduzi-los para o inglês e acompanhar o trabalho de empresas e profissionais no exterior.

“Aumentar seu networking é algo muito importante. Procure pessoas que já trabalham fora e pergunte como é o dia a dia dela na empresa, como foi o processo para conseguir uma vaga, as dificuldades enfrentadas, enfim, ter essa conexão pode ser muito rica para entender melhor como as coisas funcionam e aumentar as chances de conseguir uma oportunidade”, diz.

Segundo a recrutadora, as empresas avaliam cada vez mais as soft skills dos candidatos — e a capacidade de comunicação é uma das mais valorizadas. “Isso não significa que a pessoa precisa ser extrovertida e falar com todo mundo, mas deve conseguir se comunicar, se expressar, participar de reuniões, estar aberta para escutar os outros. Para os brasileiros, vejo isso como um ponto positivo, pois, em geral, temos mais facilidade nesse contexto. Nos sentimos confortáveis nesses encontros”, avalia. Por outro lado, a regra não é a mesma para todas as vagas. “Um cargo de liderança, como tech lead, pode exigir mais soft skills, enquanto outros podem focar mais na parte técnica”, explica.

Para quem já foi chamado para uma entrevista, Letícia conta que os processos seletivos no exterior, assim como no Brasil, são bastante padronizados. As etapas costumam incluir uma conversa remota para entender um pouco o que a pessoa está buscando e falar sobre a vaga, cultura da empresa, comportamento e um teste para validação técnica. Para se destacar nesta fase, a dica é estudar a empresa com antecedência, saber o mercado que ela atua e, se possível, conversar com pessoas da companhia que já passaram por este mesmo processo.

“É importante prestar atenção nas perguntas e responder com clareza e honestidade. Muitas vezes, queremos impressionar e acabamos não sendo verdadeiros, aceitando termos que não estão tão alinhados com a nossa cultura. Também é importante dizer que está aberto ao aprendizado e tirar todas as dúvidas, ver se a oportunidade apresentada é mesmo o que você está buscando”, aconselha.

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Marciel

Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.

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