A inovação é cada vez mais importante para a economia das cidades. Com as transformações contínuas da sociedade e do mercado, não é possível fechar os olhos para as novidades e manter os mesmos modelos de atuação das últimas décadas: a reinvenção é necessária para o desenvolvimento crescente.
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O desafio desse processo, no entanto, é grandioso — as inovações não surgem do dia para a noite. Nem todos estão preparados para rever questões que funcionam, mesmo que razoavelmente, há anos. Ainda mais considerando que, para isso, é preciso passar por um processo de pesquisa, desenvolvimento, testes e erros antes de se alcançar resultados palpáveis.
Nesse contexto, acredito que o primeiro passo para entender a importância dessa mudança é pensar à frente. Onde a cidade quer estar posicionada daqui a 30 anos? A partir disso, fica mais fácil visualizar quais ações devem ser adotadas, que agenda deve ser priorizada e quais recursos precisam ser alocados para que o caminho em direção a essa meta seja traçado. Foi dessa maneira que fizemos em Joinville, maior cidade catarinense, que alcançou o nono lugar no Índice de Cidades Empreendedores 2022, da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP).
Há sete anos, o governo municipal percebeu a importância de definir estratégias e diretrizes para enfrentar as mudanças econômicas previstas para os anos seguintes, criando uma entidade para olhar para o futuro da cidade. Posteriormente transformada em associação sem fins lucrativos, o Join.Valle — como foi chamado o movimento —, passou a reunir agentes do setor público, iniciativa privada, academia e sociedade civil para potencializar uma mudança que envolvesse toda a sociedade.
No início de sua atuação, a entidade realizou estudos e viagens, entendendo cases nacionais e internacionais para identificar quais seriam os principais gaps de Joinville em um modelo conceitual de ecossistema de inovação. Capital, academia, pessoas e governo foram as maiores lacunas identificadas, e é a partir delas que o movimento vem atuando desde então.
Na frente de capital, por exemplo, foi desenvolvido um fundo de investimentos de risco a fim de conectar recursos de empresários locais com startups que se proponham a resolver desafios da região. Já para incentivar a relação com a academia, surgiram iniciativas em parceria com universidades, que estimulam que os trabalhos de conclusão de curso busquem resolver problemas reais das empresas, sociedade e poder público de Joinville. Para incentivar a cultura empreendedora, o movimento passou a promover treinamentos, workshops e mentorias para potencializar negócios em estágio inicial.
Nessa aposta pela inovação, foi fundamental a análise da estrutura e da história da cidade para a potencialização da economia local. Joinville é historicamente conhecida como a ‘Manchester catarinense’, numa referência ao centro urbano do Reino Unido, principalmente pela pujança industrial. Essa matriz econômica da cidade, marcada pelo setor metal-mecânico, com uma indústria forte e competitiva, não poderia ser deixada de lado na nova fase da cidade. E hoje, o que vemos são empresas tradicionais investindo em inovação e acelerando startups, em uma conexão que traz muitos benefícios para ambos os lados.
Esse é um dos grandes segredos do sucesso do investimento na inovação: inserir tecnologia e atualização naquilo que já exerce seu potencial na economia local. Na última divulgação realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do Produto Interno Bruto (PIB) per capita das cidades, em dezembro de 2021, foi possível ver os resultados dos trabalhos que vêm sendo realizados nos últimos anos na prática, com um crescimento acelerado da economia de Joinville.
Em números absolutos, a cidade se consolidou como a 3ª maior economia da Região Sul. Em porcentagens, se destaca acima da média nacional e da média de Santa Catarina: de 2016 a 2019, enquanto o PIB per capita do Brasil aumentou 15,63% e o catarinense 21,14%, o de Joinville cresceu 32%, seguindo uma curva acentuada como se pode ver no gráfico abaixo.
Mais do que um número isolado, o PIB também funciona como um indicador da geração de riqueza, do poder aquisitivo e da qualidade de vida dos cidadãos. Por isso, esse crescimento é uma grande demonstração da importância de priorizar a inovação para o desenvolvimento econômico sustentável e para a geração de um ciclo de prosperidade onde todos são beneficiados.
Fabiano Dell Agnolo, diretor executivo do Join.Valle.
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Redação tecflow
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