O câncer de endométrio e os usos da inteligência artificial (IA) foram os grandes protagonistas do encontro anual da Sociedade de Ginecologia Oncológica (SGO, na sigla em inglês) sobre câncer feminino, que aconteceu entre 25 e 28 de março em Tampa, na Flórida. O câncer ginecológico é um dos mais incidentes nas mulheres, sendo que os três órgãos do sistema reprodutor feminino mais acometidos por tumores malignos são os de colo do útero, ovário e endométrio, que somam 32,1 mil novos casos anuais, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Este número representa 13,2% de todos os casos de câncer diagnosticados nas brasileiras, excluindo o câncer de pele não melanoma.
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Uma das novidades do evento foi a revelação de que ferramentas de IA demonstraram ser possível selecionar de maneira mais rápida e com baixo custo quais são os subtipos moleculares do câncer de endométrio.
“Além do diagnóstico do subtipo histológico do câncer de endométrio, a identificação do subtipo molecular é uma pré-condição importante para o tratamento eficaz da doença. A vantagem importante da nova estratégia no procedimento é que os dados moleculares necessários podem ser obtidos exclusivamente pela avaliação da lâmina, sem imuno-histoquímica ou sequenciamento, com potencial impacto em celeridade diagnóstica e redução de custos ”, afirma Angélica Nogueira-Rodrigues, oncologista.
A médica esteve entre os especialistas que organizaram o encontro e destaca que o evento forneceu um fórum valioso para a troca de ideias e informações que moldarão o futuro do tratamento do câncer e da comunicação em saúde.
“O tratamento do câncer está evoluindo rapidamente graças aos avanços na tecnologia médica e os usos da IA na medicina vêm crescendo em muitas áreas sendo cada vez mais importante avaliar as possibilidades e os riscos na prestação de cuidados de saúde e na pesquisa médica”, diz.
Focando nos avanços científicos, dois ensaios clínicos apresentados, publicados simultaneamente no New England Journal of Medicine, mostraram resultados promissores para o tratamento de câncer de endométrio avançado ou recorrente, oferecendo esperança para pacientes e suas famílias.
“Os resultados desses estudos sugerem que podemos estar diante de uma nova era de opções de tratamento para mulheres com câncer de endométrio avançado. A combinação dessas novas terapias com tratamentos existentes pode melhorar significativamente os resultados para nossos pacientes.”
Imunoterapia e as novas descobertas contra o câncer de endométrio
A imunoterapia é um tipo de tratamento contra o câncer que usa o sistema imunológico do corpo para combater as células cancerígenas. O sistema imunológico é responsável por identificar e atacar substâncias estranhas, como bactérias e vírus, e pode também reconhecer células cancerígenas como estranhas e destruí-las. Os imunoterápicos podem potencializar o sistema imunológico para identificar e destruir células cancerígenas e têm apresentado significativa eficácia no tratamento de uma grande variedade de tipos de câncer.
Combinação de quimioterapia e imunoterapia pode ter efeitos sinérgicos no tratamento do câncer de endométrio
O estudo Ruby, Dostarlimabe para câncer de endométrio primário avançado ou recorrente, publicado no dia 27 de março no New England Journal of Medicine, revelou que a combinação de imunoterapia e quimioterapia aumentou significativamente a sobrevida livre de progressão entre pacientes com câncer de endométrio primário avançado ou recorrente. O imunoterápico dostarlimabe é um tipo de medicamento que tem como alvo uma proteína chamada PD-1, receptor presente na superfície de células do sistema imunológico. No estudo, as mulheres que receberam dostarlimabe combinado à quimioterapia tiveram melhores resultados em taxa e duração de respostas em comparação àquelas que receberam quimioterapia isolada.
Outro estudo, Gyn 18, Pembrolizumabe associado ‘a quimioterapia no câncer de endométrio avançado, testou a combinação de um medicamento chamado pembrolizumab e quimioterapia. O estudo incluiu 797 pacientes, aleatorizadas a receber o novo tratamento ou um placebo) e quimioterapia. Os resultados mostraram que o tratamento em teste aumentou taxas de resposta e de controle da doença, com efeitos colaterais dentro do já conhecido e esperado para quimioterapia e imunoterapia.
“Esta é uma excelente notícia para mulheres com câncer de endométrio, contexto clínico em que houve poucos avanços nas últimas décadas e agora duas opções com potencial de impactar significativamente o controle da doença”, afirma a oncologista.
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Redação tecflow
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