Um estúdio de Samambaia, do Distrito Federal, já venceu a categoria “Game do Ano”, do BIG Festival, mais importante festival de jogos independentes da América Latina, e recebeu apoio do Google para ampliar seus negócios e obter sucesso no universo mobile. Passados menos de 3 meses após o lançamento do jogo na Play Store, os sócios Otávio, Túlio e Igor viram sua principal criação, o No Place for Bravery, receber mais de 30 mil downloads.
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Foi na Universidade de Brasília, em 2011, que Otávio Soato e Túlio Mendes se juntaram para começar o que hoje é a Glitch, um estúdio de games independente. Sabendo dos desafios deste mercado e sua alta concorrência com grandes corporações globais, a dupla persistiu um longo período antes de lançar sua primeira criação autoral de sucesso, o game No Place for Bravery.
Dois anos após o início do projeto, Otávio e Túlio receberam o primeiro investimento privado, que foi utilizado para pagar a estruturação da empresa, como equipamentos e salário dos 5 funcionários contratados de meio período. Nesta época, nasceu formalmente a Glitch. O valor arrecadado durou cerca de um ano e impulsionou a busca por novos investidores.
Em 2015, o jogo No Place for Bravery começou a chamar a atenção dos publishers, que pediam por demos. Entre idas e vindas e muitos feedbacks, os desenvolvedores perceberam estar muito presos às devolutivas do mercado e pouco focados em criar algo que eles gostariam de produzir. Essa percepção foi essencial para a decisão de dividir os projetos da empresa: o time passou a focar nas demandas pontuais, que mantinham o faturamento da Glitch, enquanto Otávio e Túlio se dedicavam ao aprimoramento do game, tornando-o um projeto mais robusto. Foi nesta fase que a empresa também ganhou um novo sócio, Igor Rachid, que somou ao time trazendo sua bagagem de gestão e finanças.
Desafios de um mercado competitivo
Anos depois, quando o jogo já estava mais maduro, o estúdio foi selecionado para um edital da Ancine. Este investimento chegou apenas em 2019, por isso, neste meio tempo, a Glitch manteve os projetos pontuais para sustentar a empresa. No mesmo ano, a empresa recebeu um investimento privado, conquistado durante o BIG Festival (Best International Games Festival), mais importante festival de jogos independentes da América Latina. Foi com esses investimentos que conseguiram lançar o jogo no mercado, focando em computadores e consoles.
“Nós não tínhamos noção de como lançar um jogo para computador, e foi nesse projeto que enfrentamos esse desafio e obtivemos uma nova experiência. Depois disso, entendemos que lançar o jogo é só 50% do trabalho. Após isso, precisamos lidar com as questões dos publishers, atualizações, recepção de feedbacks etc. Como um time independente, não temos a capacidade de um grande publisher e é aí que começam os grandes desafios”, comenta Túlio Mendes.
A recepção morna do público após o lançamento do No Place for Bravery preocupou os fundadores da Glitch, que não tinham outro projeto pronto e nem reserva suficiente para manter as despesas da empresa. Foi neste momento que começaram a pensar em novas soluções e viram a entrada no mobile como uma possibilidade.
Uma nova fase com o Indie Games Fund
Em 2022, os fundadores ficam sabendo do lançamento de um fundo do Google Play focado em desenvolvedores independentes da America Latina. Tratava-se do Indie Games Fund, que com um valor de US$ 2 milhões e apoio prático a 10 estúdios independentes de jogos, ajudaria na construção e expansão dos negocios dentro do Google Play. Esta seria a chance deles de encontrar um respiro e organizar a casa.
Após serem selecionados, receberam consultorias focadas no negócio e acompanhamento para a adaptação dos jogos para o mobile, o fundo e toda sua assistência possibilitou aos desenvolvedores da Glitch um momento de bastante troca e aprendizado. Com o valor recebido, eles conseguiram manter a empresa e começar a traçar novos planos.
“Lançamos um plano com um cronograma para o No Place for Bravery e já prevemos duas expansões, uma com o lançamento para o meio do ano que vem”, diz Otávio. “Para a nossa empresa, este fundo foi um divisor de águas. Ele nos deu a estabilidade necessária para reestruturar nossas operações e alinhar nossa visão para o futuro. Com esse impulso, temos agora um plano claro para os próximos anos: ampliar nosso portfólio de jogos, investir em inovação e solidificar nossa marca como referência em jogos independentes no Brasil”, complementa o sócio Igor Rachid.
O jogo No Place for Bravery foi lançado no Google Play em julho deste ano e tem tido uma recepção bastante positiva do público, com mais de 30 mil downloads realizados em apenas 4 meses. Otávio e Túlio também comentam a possibilidade de lançar alguns jogos direto no Google Play, pela possibilidade de adaptação para PC que a plataforma traz.
“O Google Play agora tem adaptação para PC, talvez esse fluxo seja muito mais interessante hoje: começar no mobile e adaptar para PC e ir encaixando nas outras plataformas.”, completa Otávio Soato.
“O Indie Games Fund, que teve sua segunda edição lançada em agosto deste ano, busca por casos exatamente como o da Glitch: desenvolvedores independentes que precisam de investimento para estruturar o negócio e que, a partir da nossa parceria, tenham a percepção de que o mobile é a forma mais efetiva de alcançar milhares de usuários, com a possibilidade de monetizar sua criação”, afirma Daniel Trocóli, head parcerias para jogos do Google Play para a América Latina.
Agora com 8 funcionários e seu jogo lançado para mobile, Steam e Nintendo Switch, a Glitch foca em estudar o mercado e manter uma boa performance em todas as plataformas, atendendo às expectativas dos usuários e às necessidades dos publishers.
“Nossa paixão mesmo sempre foi trabalhar com jogos autorais, entregar uma história envolvente com artes belas e uma mecânica fluida e divertida. O Indie Game Fund nos proporcionou isso. Ver um sonho se tornando realidade é um sentimento de dever cumprido e de realização de algo verdadeiramente impactante”, finaliza Igor.
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Leandro Lima
Graduado em tecnologia e design gráfico, sou apaixonado pela fotografia e inovações tecnológicas. Atualmente escrevo para o Tecflow.