O propano, um dos pilares da exportação de energia dos Estados Unidos na última década, entrou na mira de uma nova disputa tarifária entre Washington e Pequim. A recente imposição de tarifas de importação pelo presidente americano Donald Trump, seguida por uma retaliação chinesa, ameaça comprometer significativamente a cadeia global de fornecimento dessa commodity essencial para a indústria petroquímica.
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Desde o início de abril, os EUA impuseram tarifas de até 145% sobre produtos chineses, ao passo que a China respondeu com uma alíquota de 125% sobre diversas importações americanas — incluindo o propano. Como resultado, os preços do combustível nos EUA já caíram cerca de 15%, e o valor do frete em navios-tanque especializados também sofreu forte retração.
Mercado em risco
A China é hoje a segunda maior compradora de propano americano, ficando atrás apenas do Japão. No último ano, o país asiático foi responsável por quase 18% das exportações dos EUA, impulsionadas principalmente pela crescente demanda de suas usinas de desidrogenação de propano (PDH), que convertem o gás em propileno — matéria-prima para uma ampla gama de produtos plásticos, como garrafas, carpetes, sacolas e componentes automotivos.
Contudo, com o aumento das tarifas, o produto americano se tornou proibitivamente caro para as usinas chinesas. “O propano dos EUA se tornou profundamente antieconômico”, avaliam analistas e consultores comerciais.
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Uma relação interdependente
Em 2018, a China interrompeu temporariamente as compras de propano americano durante outra rodada de tensões comerciais. Na época, encontrou fornecedores alternativos. Hoje, porém, a realidade é mais complexa: o parque industrial chinês se expandiu consideravelmente e agora depende de importações que representam cerca de 60% do consumo interno. “A China não pode substituir o propano dos EUA e os EUA não podem substituir a demanda chinesa”, explica Julian Renton, da East Daley Analytics. “Esses dois mercados estão interligados.”
Efeitos colaterais
O Departamento de Energia dos EUA já projeta que parte dos 400 mil barris diários atualmente destinados à China terá que ser redirecionada para outros mercados. Ainda assim, a estimativa é que o excesso de oferta resulte em acúmulo de estoques em hubs como Mont Belvieu, no Texas, com impacto direto sobre os preços globais.
Além disso, especialistas alertam que os efeitos podem se estender para produtos plásticos exportados pela China — muitos dos quais dependem do propileno produzido a partir do propano americano. Assim, o conflito ameaça não apenas os mercados de energia, mas também cadeias industriais e de consumo em escala global.
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