Entrevista: “Empresas precisam assumir papel ativo na formação de profissionais de TI”, diz Walter Rodrigues, da CXP Brasil

O mercado de Tecnologia da Informação (TI) tem vivido uma fase de franca recuperação e expansão desde 2023. Após um período marcado por reestruturações e demissões, o setor voltou a crescer e registrou um avanço de 22% apenas no segundo trimestre de 2024, segundo a Advance Consulting. No entanto, esse crescimento acelerado expôs uma fragilidade importante: a escassez de mão de obra qualificada. O déficit projetado de cerca de 530 mil profissionais de TI no Brasil até 2025, de acordo com relatório da Google for Startups, acende um alerta para empresas que dependem diretamente desse capital humano.

Diante desse cenário, o papel das organizações vai além da contratação: elas se tornam agentes estratégicos na formação dos talentos que o mercado demanda. Em um ambiente cada vez mais impactado por tecnologias emergentes como a Inteligência Artificial, não basta dominar as hard skills — habilidades técnicas —; é preciso também desenvolver soft skills, como resiliência e inteligência emocional, essenciais para lidar com a dinâmica e a pressão do setor.

Nesta entrevista exclusiva ao tecflow, Walter Rodrigues, COO da CXP Brasil, compartilha sua visão sobre como empresas podem (e devem) atuar de forma proativa na formação dos profissionais de TI do futuro. Ele fala sobre parcerias com instituições de ensino, programas de mentoria, trilhas de desenvolvimento, e as competências que devem ser priorizadas para preparar talentos completos e prontos para os desafios da transformação digital.

tecflow: Como as empresas podem atuar de forma mais efetiva na formação de profissionais de TI, especialmente diante do déficit projetado de mais de 500 mil talentos até 2025?

Walter Rodrigues: Uma das estratégias que podem ser priorizadas para esse propósito é, cada vez mais, olhar para programas de formação e parcerias de longo prazo considerando a formação nas tecnologias existentes e adaptações para as novas que estão chegando no mercado de TI, que está em constante evolução.

tecflow: Parcerias entre companhias e instituições de ensino podem ajudar a suprir essa demanda. Que modelos de colaboração já demonstraram bons resultados na prática?

Modelos já existentes, como o de parceria com Universidades ou o próprio Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), se mostram efetivos, pois, de forma estratégica, podemos trazer candidatos já com os perfis adequados para determinadas áreas de atuação. 

Também é possível citar aqui frentes de parcerias com ONGs, que oferecem como oportunidade o desenvolvimento dos estudantes que ainda estão concluindo os estudos primários, contribuindo para a formação de uma nova base sólida, ou até mesmo de pessoas na melhor idade que têm buscado novas qualificações por meio destas organizações. Parceiros tecnológicos da CXP Brasil, como AWS e IBM, já possuem este modelo de incentivo à formação de profissionais.

tecflow: Com a ascensão de tecnologias como a Inteligência Artificial, quais Hard Skills devem ser priorizadas no desenvolvimento dos novos talentos em TI?

Walter Rodrigues: Quando falamos a respeito de Inteligência Artificial, há um grande foco em programação, matemática, análise de dados e algoritmos, bem como estatística. Mas não podemos deixar de citar que conhecimentos de infraestrutura, camada de segurança e telecomunicações se tornam relevantes à medida que se acelera o desenvolvimento de novas tecnologias.

tecflow: Como as empresas podem ajudar os profissionais de TI a desenvolverem Soft Skills essenciais, como resiliência e inteligência emocional, em um ambiente de trabalho cada vez mais dinâmico e exigente?

Walter Rodrigues: Acredito muito na ferramenta do feedback diário, aquele que é fornecido aos colaboradores no instante seguinte às situações do dia a dia. Isso é muito útil e eficaz para as adaptações do comportamento ligadas às soft skills. Mas esse processo tem de estar acompanhado de um suporte das empresas, que podem estruturar junto à equipe de Pessoas & Cultura, ou apenas RH, formas de apoio ao desenvolvimento de Soft Skills pensando em planos macro (para o grupo) e micro (levando em consideração o indivíduo e suas particularidades).

tecflow: Programas de estágio, mentorias ou trilhas de desenvolvimento interno: qual dessas iniciativas tem maior potencial de impacto para formar profissionais completos e alinhados às necessidades reais do mercado?

Walter Rodrigues: Não considero que uma dessas iniciativas possa ter maior impacto frente às outras. A junção de todas é o que pode trazer o impacto e aceleração necessários para o desenvolvimento de profissionais completos para o mercado, pois elas são complementares à medida que são trabalhadas as Hard e Soft Skills.

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Marciel

Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.

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