

Com o avanço da inteligência artificial, novas ameaças digitais estão surgindo — e uma das mais alarmantes é a clonagem de voz. Cada vez mais comuns, os golpes por telefone que utilizam vozes clonadas por IA têm causado prejuízos financeiros e emocionais significativos em vítimas ao redor do mundo, especialmente no Brasil, que lidera o ranking global de chamadas de spam.
Para entender melhor como esses ataques funcionam, por que o país é um dos mais afetados e o que é possível fazer para se proteger, o tecflow conversou com exclusividade com Adrianus Warmenhoven, especialista em Segurança Cibernética da NordVPN.
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Na entrevista a seguir, Adrianus explica os fatores tecnológicos por trás da explosão desses golpes, destaca a importância de cuidados com conteúdos postados nas redes sociais e oferece dicas práticas — como o uso de palavras-chave familiares — para se proteger de forma eficaz nesse novo cenário de ameaças impulsionado por IA e deepfakes.

tecflow: O uso de IA para clonar vozes está se tornando cada vez mais comum em golpes. Quais fatores tecnológicos contribuíram para esse aumento rápido e perigoso?
Adrianus: O rápido e perigoso aumento no uso de IA para clonagem de voz em golpes é impulsionado por diversos fatores tecnológicos. Os softwares modernos de clonagem de voz tornaram-se significativamente mais avançados devido aos avanços em inteligência artificial e aprendizado de máquina, particularmente em modelos de aprendizado profundo que podem replicar com precisão a voz de uma pessoa com apenas alguns minutos de áudio.
Isso foi agravado pela ampla disponibilidade de amostras de voz, à medida que as pessoas compartilham cada vez mais conteúdo de áudio e vídeo nas redes sociais, facilitando a coleta dos dados necessários para os golpistas.
Além disso, tecnologias aprimoradas de deepfake, originalmente projetadas para manipulação de vídeo, agora suportam geração de áudio altamente convincente, incluindo tons emocionais que tornam as chamadas de golpe ainda mais persuasivas.
A acessibilidade de ferramentas de clonagem de voz também desempenhou um papel fundamental — o que antes exigia software caro e conhecimento técnico agora está disponível por meio de ferramentas online de baixo custo ou até mesmo gratuitas.
Por fim, a escalabilidade desses golpes é aprimorada pela automação, permitindo que os criminosos atinjam múltiplas vítimas simultaneamente. Juntos, esses fatores transformaram a clonagem de voz de uma ameaça de nicho em um problema generalizado e crescente.

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tecflow: O Brasil é o país mais afetado por ligações de spam e golpes telefônicos. Existe algum motivo específico que torna os brasileiros um alvo mais vulnerável ou atraente para criminosos?
Adrianus: O Brasil é particularmente vulnerável a ligações de spam e golpes telefônicos por diversos motivos. Um dos principais fatores é o uso generalizado de celulares no país, com uma alta porcentagem da população dependendo da comunicação móvel para interações diárias. Esse uso extensivo de dispositivos móveis cria um grande número de vítimas em potencial. Além disso, o Brasil tem uma alta taxa de uso de mídias sociais, o que significa que muitas pessoas compartilham conteúdo de áudio e vídeo online, fornecendo aos cibercriminosos uma rica fonte de amostras de voz para clonagem.
Ademais, fatores econômicos podem desempenhar um papel, pois os golpistas sabem que criar uma sensação de urgência financeira, como fingir ser um membro da família em dificuldades, tem maior probabilidade de ser eficaz em um país onde muitas pessoas já estão sob pressão financeira.
Além disso, o grande volume de chamadas de spam no Brasil, com uma média de cerca de 26 por pessoa por mês, normalizou esse comportamento, facilitando que chamadas fraudulentas passem despercebidas.

tecflow: Como os golpistas conseguem coletar amostras de voz suficientes nas redes sociais? Existe algum tipo de conteúdo que represente um risco maior?
Adrianus: Os golpistas coletam amostras de voz das redes sociais explorando conteúdo de áudio disponível publicamente. Isso pode incluir vídeos em que as pessoas falam diretamente para a câmera, mensagens de voz, transmissões ao vivo, podcasts e até mesmo clipes de áudio curtos compartilhados em plataformas como Instagram, TikTok, YouTube ou Facebook.
Conteúdo que representa um risco maior inclui vídeos em que a voz do locutor é clara, ininterrupta e emocionalmente expressiva, pois isso fornece mais material para a criação de um clone de voz convincente. Por exemplo, vídeos em que as pessoas compartilham histórias pessoais, dão conselhos ou participam de desafios que exigem fala podem ser especialmente valiosos para os golpistas.
Mesmo conteúdo aparentemente inofensivo, como cumprimentos, piadas ou conversas casuais, pode ser usado para treinar ferramentas de clonagem de voz por IA. Para minimizar esse risco, os usuários devem revisar suas configurações de privacidade, limitar o compartilhamento de conteúdo de áudio e estar atentos a onde e como compartilham sua voz online.
tecflow: Criar uma palavra-chave familiar é uma dica simples, mas eficaz. Você poderia explicar como implementá-la de forma prática no dia a dia das famílias?
Adrianus: Criar uma palavra-chave familiar é uma maneira simples, mas eficaz, de se proteger contra golpes de clonagem de voz. As famílias devem escolher uma palavra ou frase que seja significativa apenas para elas — como uma lembrança compartilhada ou uma piada interna — e garantir que todos os membros a conheçam. Essa palavra-chave deve ser usada para verificar a identidade durante chamadas inesperadas ou de emergência.
Por exemplo, se alguém receber uma ligação de um parente em perigo, pode pedir a palavra-chave. Se a pessoa que ligou não puder fornecê-la, provavelmente se trata de um golpe. Lembrar regularmente os familiares da palavra-chave e praticar seu uso garante que ela seja lembrada e aplicada corretamente.
tecflow: Além das medidas de proteção individual, o que pode ser feito em nível regulatório ou pelas plataformas de mídia social para dificultar o uso indevido de conteúdo de voz?
Adrianus: Para combater o uso indevido da voz, os reguladores podem aplicar leis de proteção de dados mais rigorosas, exigindo o consentimento do usuário para o uso da voz e impondo salvaguardas em softwares de clonagem de voz. As plataformas de mídia social podem aprimorar as configurações de privacidade, restringir o acesso a conteúdo de áudio, usar IA para detectar clonagem de voz e educar os usuários sobre os riscos.
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Marciel
Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.