E-commerce e LGPD: 5 perguntas para saber se o negócio está em conformidade com a lei

A tecnologia elevou as possibilidades de marketing no meio digital e a lei não entra como inimiga para retroceder os avanços destes negócios.
LGPD

*Por Fernando Santos

Certamente, o e-commerce é um dos setores mais impactados pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Por suas plataformas passam, de forma direta e indireta, informações pessoais de clientes que, muitas vezes, são usadas como cookies para acompanhar a jornada do comprador e o direcionamento de ofertas para cada tipo de perfil.

A tecnologia elevou as possibilidades de marketing no meio digital e a lei não entra como inimiga para retroceder os avanços destes negócios. O papel da LGPD é oferecer diretrizes focadas na proteção de dados pessoais, usados para fins comerciais. E isso inclui conscientizar os titulares (pessoas físicas donas das informações) e as empresas sobre o valor desses dados. Nenhuma companhia é proibida de tratar dados pessoais, o que muda com a lei é que a empresa precisa informar o usuário, de maneira clara e objetiva, quais as intenções de usar suas informações, além de reforçar todo o aparato jurídico.

Com o crescente número de ataques, o comércio eletrônico torna-se um alvo muito vantajoso por deter dados pessoais de seus clientes e dados bancários, como números de cartões de crédito ou débito. Para quem possui um e-commerce é necessário estar atento e em conformidade para atuar de forma proativa frente às vulnerabilidades não somente quando é explorada por hackers.

Consciência teórica é diferente de consciência prática. O primeiro passo para garantir a privacidade dos dados pessoais é ter uma estrutura eficiente de cibersegurança.  Sabemos que, culturalmente, as empresas só investem neste quesito quando estão frente à uma ameaça real ou já sofreram algum tipo de ataque.

Por isso, convido você, que tem um negócio ligado ao setor de e-commerce, para fazer cinco perguntas de “autoconhecimento”, nas quais estão objetivadas para descobrir o nível de adequação à LGPD. Vamos às questões:

1 – Quais são os dados tratados? São pessoais ou sensíveis, tipo RG, CPF, conta bancária, número do cartão de crédito?

2 – Quando um cliente registra um dado na plataforma para receber promoções e cupons de descontos, eu tenho o direito de uso destes dados por qual motivo, finalidade e por quanto tempo?

3 – Eu sei onde estão armazenados os dados, seja de forma física ou lógica?

4 – Existem cópias destes dados em outros lugares?

5 – Os dados dos meus clientes estão seguros? Corro risco de vazamentos ou acessos indevidos?

Pois bem, se a empresa responder as cinco perguntas acima (e evidenciar cada resposta) ela está no caminho certo em relação ao tratamento correto da privacidade de dados. É importante ressaltar que a privacidade não é um projeto a ser executado apenas uma vez. Exige-se um trabalho contínuo com novos processos criados e assistidos por uma empresa especializada. Tais medidas devem seguir em conformidade e atendimento aos princípios de finalidade, necessidade, transparência, segurança e documentação da LGPD.



Ao solicitar nome, endereço, CPF, e-mail, dados do cartão de crédito para a realização de compra, esses dados só poderão ser tratados para esse fim exclusivo. Caso o e-commerce tenha interesse em enviar mailing de ofertas para o cliente, é mandatório checar o consentimento do usuário. Assim como não pode reutilizar dados registrados no sistema antes da lei para qualquer objetividade comercial. De maneira prática, se quiser mandar ofertas por e-mail, solicite o consentimento do cliente.

Para este tipo de ação de marketing, a companhia precisa apenas do nome e do e-mail do cliente. Não cabe pedir o CPF, o endereço residencial e, muito menos, os dados do cartão. Insumos deste tipo devem ser restritos apenas durante o processamento da compra.

Diante de consumidores cada vez mais empoderados e atentos quanto ao uso correto dos dados pessoais, ninguém quer fidelizar laços com um e-commerce que não se preocupa com a segurança. Além de fortalecer o negócio, aplicar as medidas protetivas de privacidade torna-se um grande atrativo para todos os lados: investidores, parceiros, fornecedores e clientes. Unir experiência e proteção ao consumidor são os novos ativos do valor corporativo frente à era em que os dados ganham ares estratégicos, sendo considerados o novo petróleo para as empresas! E no e-commerce há uma jazida imensa!

*Fernando Santos é especialista em data protection & compliance e head de soluções na Certsys, empresa especializada em soluções para Transformação Digital e inovação.

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Redação tecflow

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