Por Reinaldo Nagao*
Durante muito tempo e provavelmente até os dias de hoje, a área do Direito foi e é vista como um segmento mais moroso, burocrático e marcado pela complexidade em seus processos, sendo assim, pouco familiarizado com inovações tecnológicas e soluções disruptivas que já se apresentam no mercado.
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No entanto, a era 4.0 aparece para, de fato, introduzir mais automatização e inteligência aos processos de empresas dos mais diversos segmentos, utilizando-se de uma união que pode trazer resultados muito interessantes: homem e máquina. Este conceito vem logo após a era 2.0, que introduziu conceitos e práticas do mundo digital em diversas áreas da economia e da prestação de serviços e a 3.0, que tornou tais práticas mais maduras e consolidadas…
E, se por um lado, o conceito 4.0 aplicado à indústria já tenha se tornado algo bem difundido, na área do Direito ainda se mostra necessário um debate mais profundo, de maneira que se possa efetivamente compreender como os escritórios e profissionais podem se beneficiar desse contexto.
Os primeiros passos
Naturalmente, é de se esperar que, dentro de um cenário em que a transformação digital começa a apresentar sua relevância para o mercado como um todo – incluindo negócios de pequeno porte –, é esperada que essa jornada também avance para o dia a dia de advogados e demais profissionais do Direito, mesmo se tratando de uma área que, de fato, lida com questões que, em diferentes cenários, apresentam caráter interpretativo e que dependem do olhar humano. É nesse contexto, por exemplo, que começam a ganhar força no mercado as lawtechs e legaltechs, startups e empresas de base tecnológica que oferecem soluções para potencializar o setor jurídico.
Como comentado acima, as eras de inovação anteriores vieram para preparar o terreno, apresentar soluções que, hoje, já estão mais presentes na realidade de escritórios, aumentando a produtividade de profissionais, trazendo eficiência aos processos, auxiliando na gestão de contenciosos e buscando, em essência, tornar o universo do Direito mais ágil.
A importância da digitalização, no entanto, envolve também uma transformação cultural, de maneira que a utilização de recursos tecnológicos possa se tornar algo recorrente e familiar para os profissionais. Assim, a partir de uma evolução das práticas suportadas pela inovação, poder-se-á alcançar um nível de maturidade tecnológica mais denso e efetivo.
A chegada do 4.0 e o papel dos advogados
Ao contrário de previsões apocalípticas feitas em um passado recente e de maneira global, as inovações e ferramentas tecnológicas – ou mesmo a robotização – não vieram para roubar o trabalho dos humanos. Atualmente, softwares jurídicos, soluções de análise de dados, Inteligência Artificial e machine learning apoiam os profissionais do Direito que, por sua vez, podem direcionar seus esforços para atividades mais estratégicas, analíticas e interpretativas.
Livre de tarefas mais burocráticas e operacionais – agora a cargo das funcionalidades oferecidas por ferramentas ágeis –, o advogado ganha protagonismo ao se concentrar em rotinas que valorizam seu trabalho intelectual e poder de tomada de decisão.
Existe, sem dúvidas, um espaço ainda relevante e um consequente mundo de oportunidades para a aplicação de inovações tecnológicas no Direito. Aos atores dessa área – advogados, escritórios, acadêmicos, pesquisadores e outras instituições – cabe fomentar a discussão, de maneira que os conceitos e práticas relacionadas ao Direito 4.0 se tornem cada vez mais difundidos no meio jurídico, otimizando e muito processos que, durante muito tempo, seguiram à risca a forma tradicional de se trabalhar. Com o advento dessa mentalidade e uma visão aberta sobre a inovação, por fim, toda a área tem a ganhar no processo de construção de seu amanhã.
*Reinaldo Nagao é Sócio na FNCA Advogados. Formado em Direito, o executivo possui mais de 12 anos de atuação no mercado, com especialização no departamento de Direito Tributário.
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Redação tecflow
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