James Webb detecta moléculas de carbono na atmosfera de exoplaneta em zona habitável

A NASA divulgou nesta segunda-feira (11) uma descoberta feita pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), considerado uma das ferramentas mais importantes da astronomia moderna devido ao seu incrível poder de observação. O instrumento foi utilizado para estudar o K2-18 b, um exoplaneta que possui cerca de oito vezes a massa da Terra.

O que chamou atenção dos cientistas nas observações mais recentes é a presença de moléculas de carbono em sua atmosfera. As evidências reforçam a hipótese de que esse exoplaneta poderia contar com uma superfície coberta por oceanos e um envoltório gasoso rico em hidrogênio — uma fórmula ideal para suportar vida.

De acordo com dados obtidos pelos sensores NIRISS e NIRSpec do telescópio James Webb, a atmosfera do planeta conta com uma quantidade significativa de metano e dióxido de carbono, além de ser escassa em amônia.

O estudo inicial também detectou uma possível molécula chamada dimetilsulfureto. Na Terra, esse composto somente é produzido por seres vivos — em sua maioria, provém do fitoplâncton em ambientes marinhos. Nikku Madhusudhan, principal autor do artigo e astrônomo da Universidade de Cambridge, pretende ampliar suas pesquisas.

“As próximas observações do Webb devem ser capazes de confirmar se o dimetilsulfureto está realmente presente em níveis significativos na atmosfera do K2-18 b”, disse.

Esses detalhes suportam a teoria de que o K2-18 b é um exoplaneta hiciano, isto é, uma classe de exoplanetas quentes e cobertos por água, tornando-se um ambiente promissor para abrigar vida. Localizado a cerca de 120 anos-luz da Terra, o astro se encontra na zona habitável de uma órbita da estrela anã fria chamada de K2-18, na constelação de Leão.

“Nossas descobertas ressaltam a importância de considerar diversos ambientes habitáveis na busca por vida”, explicou Madhusudhan, “Tradicionalmente, a busca por vida em exoplanetas tem se concentrado em planetas rochosos menores, mas os mundos maiores são significativamente mais propícios a observações atmosféricas.”

Embora o K2-18 b esteja na zona habitável da estrela K2-18, os estudos não indicam que o planeta consiga suportar vida. Seu tamanho avantajado, com raio quase três vezes maior que o da Terra, sugere que o interior do planeta pode conter um manto de gelo de alta pressão. Além disso, caso realmente tenha oceanos d’água, sua temperatura pode não ser favorável.

“Nosso objetivo é a identificação de vida em um exoplaneta habitável, o que transformaria a compreensão de nosso lugar no universo”, concluiu Madhusudhan. “As descobertas são um passo promissor para a compreensão mais profunda de mundos hicianos”.

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Redação tecflow

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