*Por: Gastão Mattos
A 54ª edição da CES – Consumer Electronics Show – mais importante feira de tecnologias voltadas ao consumidor – organizada pela CTA (Consumer Technology Association), aconteceu na semana de 11 de janeiro. Pela primeira vez, o evento foi realizado online, em função da pandemia global. Entre os assuntos abordados estão: 5G, AI (Inteligência Artificial), robótica, machine learning, tecnologia automotiva, cidades inteligentes, IoT (Internet das Coisas), entre outras, com aplicações para entretenimento, saúde, transportes, turismo, aplicações domésticas etc. Empresas como: Samsung, Microsoft, LG, AMD, Verizon, Mastercard, Walmart, General Motors e Best Buy estiveram presentes nas pautas de conteúdo, além de 1.800 outras como exibidoras de tecnologia. Foram lançados 2 mil novos produtos de diversas categorias: carros, utensílios domésticos, produtos de bem estar, entretenimento e muito mais.
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O grande tema da CES 2021 foi o potencial transformador da tecnologia 5G, já em implementação nos Estados Unidos e países da Europa e ainda sem definição no Brasil. Um dos protagonistas desta implementação, a Verizon, teve seu CEO e presidente, Hans Vestberg como keynote da abertura do evento. Vestberg apresentou as aplicações já em desenvolvimento com uso do 5G para entretenimento, como no caso da NFL (Liga Nacional de Futebol Americano), permitindo que a audiência acompanhe, por exemplo, o ponto de vista dos atletas em cada jogada, entre outras inovações.
A velocidade e confiabilidade do sinal 5G permitirá uma nova e vasta amplitude de “coisas” conectadas viabilizando, por exemplo, os carros autônomos, com potencial redução de acidentes e melhoria no tráfego. Esta já seria uma transformação significativa, mas o 5G, segundo boa parte dos keynotes da CES 2021, trará novos benefícios associados ao bem estar, lazer, saúde e consumo. Foi o que ponderou o CEO da Mastercard, Michael Mieback, quando estimou que com o 5G, as “coisas” conectadas também vão “comprar”, viabilizando micro pagamentos e uma nova dimensão para oferta de serviços. O 5G vai eliminar a necessidade de uso de terminais proprietários (POS), permitindo autenticação e segurança na autorização de transferências, de forma transparente e natural.
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O 5G permite ampliar o uso da AI (Inteligência Artificial), enriquecendo base de informação sensorial para aplicações de automação, robótica entre outros, uma vez que os dados são a fonte de aprendizado para a AI. Com o 5G também será possível capturar mais informações através das “coisas” conectadas que se multiplicarão de forma exponencial: carros, robôs autônomos, sensores de rua, bicicletas, televisores, geladeiras, aspiradores de pó, pessoas conectadas por wearables (relógios, anéis, adesivos…) além de celulares. Tudo e todos gerando informação, viabilizando o aprendizado das máquinas para a geração de novos benefícios para o consumidor.
Neste impressionante cenário evolutivo, privacidade, proteção de dados, critérios de interoperabilidade e a criação ou ajuste de leis, considerando o novo patamar tecnológico são demandas cruzadas que precisam ser tratadas em conjunto para que não atrapalhem ou diminuam a velocidade da transformação que estamos vivendo e impactem os potenciais benefícios que teremos pela frente.
Considerando todo este impacto e velocidade da transformação, fica a preocupação com o Brasil, onde o 5G, agente pivô da evolução tecnológica, não tem sequer o padrão de aplicação definido. Se fosse uma corrida, estaríamos largando dos boxes.
No evento em geral, a pauta de conteúdo, totalmente virtual, permitiu ao participante maior praticidade para acompanhar ao vivo ou com replay em horários alternativos. A Microsoft foi a provedora da tecnologia de exibição virtual que permitiu a transmissão ao vivo dos conteúdos, com possibilidade para o acesso simultâneo às apresentações usadas pelos palestrantes e uma ferramenta para seleção dos conteúdos de interesse, uma vez, que usualmente, poderia haver 3 a 4 opções simultâneas de palestrantes distintos, com temas totalmente diversos.
5G: Lançamentos, segurança e meio ambiente
Outro artifício tecnológico da ferramenta da Microsoft, foi o uso de VR (Realidade Virtual), para colocar lado a lado palestrantes fisicamente afastados, em pontos distantes do planeta, como se estivessem no mesmo espaço físico.
A acelerada evolução tecnológica e suas consequências foi focada por diversos keynotes, debatendo temas como as implicações do uso da AI (Inteligência Artificial), 5G entre outras plataformas nas políticas de privacidade, na segurança da informação, na elaboração e ajustes de leis. Esta aceleração evolutiva já era observada no período pré-pandemia, mas foi ampliada em muitas verticais tecnológicas e de negócios.
Para ilustrar este fenômeno, foi apresentado no início do evento, dados recentes de estudo da McKinsey: após março de 2020, o crescimento global de pedidos via e-commerce, em 8 semanas, foi o equivalente ao observado em 10 anos. Outro exemplo foi o marco no volume de assinaturas no novo serviço streaming da Disney, o Disney+, que em 5 meses alcançou 50 milhões de usuários, o que a Netflix demorou 7 anos para conquistar.
Satya Nadella, CEO da Microsoft pontuou que no período de dois meses após o início da era Covid-19, a transformação digital das empresas é a mesma observada anteriormente, em período de dois anos. Brad Smith, presidente da Microsoft USA abordou em sua palestra a importância da discussão de novos paradigmas para a gestão tecnológica. Como ele bem observou, a tecnologia pode conquistar atributos da inteligência, mas ela não possui consciência ou discernimento, que somente o ser humano pode manifestar. Ele também destacou a necessidade da discussão global envolvendo governos diversos para definir critérios para compartilhamento de informações que permitam a identificação rápida de cyber ameaças e formas de combatê-las, preservando dados sensíveis e privados.
A abordagem foi mote para que a Microsoft apresentasse sua estrutura de serviços de Cloud. Brad mostrou um dos data centers da empresa localizado no estado de Washington (EUA), com a instalação de mais de 20 mil servidores, hospedando dados e aplicações de clientes do mundo todo. Revelou que a empresa tem como meta tornar todos os seus data centers, centenas pelo mundo, autossustentáveis e com uso de energia renovável. Este é um bom exemplo de temas que se cruzaram na pauta de conteúdo da CES: digitalização, cybersegurança, alinhamento de governos, preocupação com meio ambiente, todos no mesmo discurso.
Em sua última edição presencial, em 2020, a CES movimentou mais de 4.500 exibidores, com a adesão presencial de mais de 170 mil inscritos, vindos de todas as partes do mundo. A CES 2021, a primeira toda virtual, colocou o 5G como sendo o grande agente provocador de mudanças, mas destacando a importância cruzada de outros temas para o melhor aproveitamento da transformação que estamos vivendo.
*Gastão Mattos, líder da IDid
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Marciel
Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.