por Marta Sanchez*
Nos últimos anos, a transformação digital avançou rapidamente, impulsionada por um exponencial desenvolvimento tecnológico, pressões competitivas crescentes, novas oportunidades de crescimento e a necessidade de ampliar a eficiência e a produtividade. Nesse período, veio a pandemia, que intensificou a volatilidade e a vulnerabilidade, ao mesmo tempo em que gerou rupturas nas cadeias de suprimentos globais.
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Nesse cenário, nunca foi tão difícil para o CIO – sigla para Chief Information Officer – ser a voz informada da razão e da competitividade no que se refere à tecnologia empresarial. Cada vez mais, toda nova iniciativa – seja de transformação digital, ESG, sustentabilidade ou nova estratégia empresarial – acaba recaindo, de alguma forma, sobre o CIO, exigindo ferramentas e serviços digitais. Isso torna ainda mais essencial que esse profissional seja bem informado, eficaz e decisivo.
Mas e se houvesse uma forma de tomar decisões de maneira mais estruturada, com melhores informações e com ainda mais agilidade? Será que essa abordagem poderia ser aplicada a toda a empresa?
À medida que o ritmo das mudanças tecnológicas aumenta, a complexidade se infiltra nas arquiteturas de dados corporativos. Recente levantamento da NetApp constatou que 98% dos líderes sêniores de TI foram afetados pela crescente complexidade da nuvem, o que pode resultar em baixo desempenho de TI, perda de receita e barreiras ao crescimento da companhia.
Além disso, a complexidade dos dados tornou-se uma grande dor de cabeça para empresas em todo o mundo, com executivos de tecnologia sentindo a pressão de conter seu impacto nos negócios. Desafios técnicos e organizacionais podem prejudicar ainda mais suas estratégias, com 88% dos entrevistados apontando o trabalho entre os atuais ambientes de nuvem como uma barreira, e 32% lutando somente para alinhar uma visão clara no nível da liderança.
Essa complexidade também afeta os negócios, já que a diversificação, a mudança na demanda dos consumidores e a necessidade de gerenciar diversas linhas de produtos, marcas e serviços tornam a análise mais difícil. Embora sempre tenha sido um desafio, o engajamento omnichannel e o surgimento de novas tendências de consumo aceleraram essa situação, sobrecarregando ainda mais as empresas. Pesquisas mostram que quase dois terços (65%) dos líderes empresariais relatam que as decisões que tomam são mais complexas do que há dois anos, e mais da metade (53%) admitem sentir maior pressão para justificar suas decisões.
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Marcas de tecnologia e consumo podem se ver gerenciando simultaneamente vários produtos, canais de distribuição e campanhas promocionais – cada qual mais rico e diversificado em dados do que nunca. Quando os tomadores de decisão têm uma inteligência artificial (IA) confiável para filtrar essa complexidade e enxurrada de dados, eles podem focar seu tempo em identificar a melhor opção a partir das recomendações, desenvolvendo vantagem competitiva no mercado.
Como visto recentemente com ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, a IA pode ser uma poderosa ferramenta para expandir a percepção e o julgamento humanos. A opinião crescente é que a IA tem um enorme potencial para apoiar cada vez mais áreas de decisão nos negócios. No entanto, ela deve ser percebida como eficaz para desenvolver confiança e apoio por parte dos tomadores de decisão e usuários.
Quando modelos de IA começam a orientar decisões estratégicas, ocorre uma mudança nas exigências. Os usuários precisam confiar profundamente nas aplicações, caso contrário podem acabar abandonando-as. No ambiente corporativo, o suporte à decisão precisa ser aplicado de maneira muito transparente, permitindo que o usuário mantenha um nível crucial de controle enquanto o sistema prova ser consistentemente bom e útil.
Isso levanta uma exigência adicional: estrategistas esperam receber evidências claras do sistema para respaldar qualquer ação aconselhada. A transparência no processo possibilita que as pessoas acompanhem os passos lógicos da IA, caso surja alguma dúvida. A chamada IA “caixa-preta” não oferece a segurança necessária.
Mais do que mudanças tecnológicas, a adoção da IA como suporte à decisão exige uma mudança cultural. Segundo a Forrester, mais plataformas de decisão estão integrando capacidades de IA, assim como aplicações baseadas em IA capazes de utilizar modelos para a tomada de decisões. A integração das tradicionais decisões empresariais com IA está só começando a ganhar força.
O maior desafio da adoção da IA como ferramenta de decisão é vê-la como uma grande mudança cultural, e não apenas um recurso isolado. A IA precisa ser adaptada ao trabalho a ser realizado. Para aplicá-la de maneira eficaz em diversas áreas, será necessário promover essa mudança cultural, já que a tolerância tecnológica pode variar dentro de uma organização.
Há, no entanto, desafios ao fazer essa transição cultural. Uma pesquisa da indústria revelou que 79% dos líderes de TI acreditam que a IA generativa pode ser um risco à segurança, 73% estão preocupados com possíveis vieses, e 59% acreditam que os resultados podem ser imprecisos – ainda há preocupações legais, principalmente em relação à exatidão do conteúdo gerado por IA, direitos autorais ou o uso de informações de concorrentes.
Mesmo assim, a promessa da IA, combinada a outras tecnologias emergentes nas mãos de líderes empresariais bem informados, é evidente. Um estudo do MIT Sloan constatou que companhias lideradas por pessoas com visão digital, que promovem o uso de tecnologias emergentes como IA, superam outras de mesmo porte em 48% no que se refere a crescimento de valor e receita.
A confiança é essencial para facilitar a mudança cultural necessária para implementar a tomada de decisões assistida por IA nas empresas. Os CIOs devem introduzir gradualmente os recursos da IA, conquistando vitórias rápidas, mesmo ao desenvolver em escala empresarial. E essa confiança pode ser construída pelo uso confiável e útil da IA em outras áreas.
A crescente integração da IA tem o potencial de reduzir a complexidade, facilitando decisões mais rápidas e melhor informadas, e criando uma vantagem competitiva que, até pouco tempo, parecia ser algo de outro mundo.
*Marta Sanchez é vice-presidente da divisão de Secure Power da Schneider Electric na América do Sul.
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Redação tecflow
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