Por Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage
Nos últimos anos, o avanço exponencial da Inteligência Artificial transformou o cenário corporativo, gerando uma onda de investimentos impulsionada pela promessa de inovação e eficiência. No entanto, o mercado começa a dar sinais de cautela, e o entusiasmo com projetos de IA tende a se transformar. À medida que o setor enfrenta os desafios de sustentabilidade e regulamentação, 2025 promete ser um ano de realinhamento, no qual as empresas devem adotar uma abordagem mais seletiva e estratégica para a implementação de IA.
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Confira abaixo alguns tópicos cruciais de negócios e do setor de tecnologia que merecem a atenção para quem está nos preparativos para os negócios no próximo ano.
O limite da bolha da IA e mais rigor na seleção de projetos
As empresas serão mais seletivas em projetos de IA no ano que vem. Embora os dois anos desde o lançamento do ChatGPT tenham trazido um boom no investimento, tudo indica que as empresas reduzirão os gastos antes do advento da “fadiga da IA”.
Espero que o mercado se realinhe, mas o crescimento existente pode se tornar insustentável. Isso porque os projetos não estão entregando ROI, e muitas organizações não conseguirão convencer os líderes empresariais de que precisam investir em novas tecnologias quando os projetos existentes de IA ou GenAI não entregaram os benefícios prometidos. Embora a FOMO ainda seja uma grande impulsionadora de investimentos, esperamos isso de forma mais moderada em 2025.
As soluções de IA não personalizadas cairão em desuso em 2025. O processo RAG se tornará uma inclusão crucial para as empresas e assumirá como o método adotado de implementação de IA. À medida que os líderes empresariais exigem o ROI do investimento especulativo que já fizeram em IA, o RAG será crucial para o sucesso. Isso ocorre porque ele fornece uma abordagem padrão para personalização, melhorando resultados e reduzindo a possibilidade de alucinações – quando um grande modelo de linguagem (LLM) percebe padrões ou objetos inexistentes, criando saídas sem sentido ou imprecisas – em vez de criar, treinar e ajustar modelos individuais do zero.
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Sustentabilidade: IA e onda de data centers pode colocar metas em risco
À medida que a demanda por IA e, consequentemente, por armazenamento de dados continua a crescer, a sustentabilidade estará novamente em destaque. A IA impulsionou o uso de recursos de computação, o que teve um impacto negativo nas metas de redução de energia, a sustentabilidade foi deixada de lado. Mas agora, ela está subindo na agenda corporativa: a forma como as empresas veem e implementam práticas sustentáveis estará novamente no radar da alta gerência. Os seguintes problemas estão previstos:
- Mais empresas discutirão a transição energética – como vão alimentar a demanda crescente por data centers. Com algumas das maiores empresas adotando energia nuclear para atender a essas demandas, haverá mais discussão sobre essa decisão.
- Como um método para destacar o impacto da sustentabilidade, a Contabilidade de Impacto será amplamente adotada em um nível sênior. Comfoco em questões ambientais e custos associados, ela se tornará o meio de destacar os benefícios das iniciativas de sustentabilidade em uma linguagem que os executivos C-level e o conselho entenderão.
- Haverá um impulso para construir mais data centers em muitos países, estimulado em parte por novos governos que almejam sua Nuvem Soberana. No entanto, como manter ambas as metas de sustentabilidade e garantir que haja energia suficiente para abastecer essas infraestruturas, casas e empresas permanecerá no centro das atenções.
Já atingimos o ápice das nuvens?
Com maiores expectativas de regulamentação, mais conhecimento sobre as desvantagens, conscientização sobre os custos que impulsionam a repatriação e restrições geográficas, 2025 pode ser o ano em que atingiremos o ápice da nuvem.
No lado da regulamentação, com a Lei de Resiliência Operacional Digital (DORA) entrando em vigor no início de 2025 na UE, as ações dos provedores de serviços de nuvem serão colocadas em foco. Eles precisarão comprovar as etapas que tomam para conformidade, por exemplo, planos de teste e resiliência que são compartilhados com os reguladores. Os provedores de serviços de nuvem e os hyperscalers serão responsabilizados de uma forma que nunca foram antes e a falta de compliance forçará ações de remediação em todo o setor de serviços financeiros. Espero que alguns sejam transformados em exemplo para garantir uma adesão mais rigorosa a essas novas regulamentações.
Esse é um ponto importante, mesmo no Brasil – e principalmente para empresas brasileiras que conduzem negócios com a UE. Além disso, vale lembrar que em 2016 a Europa estabeleceu um benchmark global para privacidade de dados com a GDPR, que mais tarde influenciou a LGPD no Brasil. Precisamos sempre manter a atenção.
A contenção de gastos está com os dias contados
Agora, falando estritamente sobre negócios, como 2024 foi um ano de eleições em muitos países, observamos bastante incerteza no cenário mundial. Tudo, desde dívida global até decisões políticas e investimentos do setor público, está em hiato, esperando por uma agenda dos novos governos. Agora, há uma demanda reprimida por gastos em muitos setores, que veremos se concretizar em 2025.
Muitos países estão discutindo sobre como lidar com a dívida global e investir em infraestrutura ao mesmo tempo. Veremos essa conversa se desenrolar no ano que vem, à medida que os novos governos buscam progredir em seus planos e investir no setor público, bem como incentivar o investimento do setor privado.
Em um contexto de metas de sustentabilidade e rigor regulatório, a seleção criteriosa de projetos e o foco em soluções com retorno tangível serão essenciais para sustentar o crescimento da IA nas organizações. Ao mesmo tempo, a busca por equilíbrio entre inovação e responsabilidade deve guiar as práticas corporativas em direção a um futuro no qual a IA seja uma aliada sustentável e eficaz, consolidando seu lugar de forma mais madura e estratégica no mercado global.
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Redação tecflow
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