por Davi Lopes*
Nas últimas décadas, a conectividade móvel evoluiu de forma surpreendente: passamos de redes 2G, voltadas principalmente para chamadas de voz, até o 5G, caracterizado por velocidades ultrarrápidas, quase nenhuma demora na transmissão de dados e uma capacidade de conexão em massa sem precedentes. Considerando esse cenário, o conceito de edge computing, ou computação de borda, se tornou essencial para explorar o potencial da quinta geração da tecnologia celular sem fio.
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Segundo projeções da GSMA Intelligence, a penetração desse mercado na América Latina deve crescer 64% até 2030. Tradicionalmente, os dados percorrem longas distâncias até data centers centrais, muitas vezes localizados a centenas de quilômetros de onde foram gerados, resultando em atrasos que, em redes 4G, eram significativos, mas que, no contexto do 5G, são inaceitáveis. O 5G oferece tempos de resposta abaixo de 1 milésimo de segundo para suportar aplicações críticas em tempo real, como veículos autônomos, cirurgias remotas e cidades inteligentes.
Em vez de sobrecarregar o núcleo da rede, o edge aproxima a análise de insumos do usuário final, executando operações na “borda” – o mais próximo possível do ponto de emissão dos dados. Esse movimento reduz drasticamente o retorno mínimo, proporcionando ações mais rápidas e menor consumo de largura de banda na rede central. No contexto do 5G, essa descentralização é crucial.
Pensando em uma cidade inteligente com milhares de sensores monitorando o trânsito, a qualidade do ar e os níveis de poluição sonora, entre outros fatores, a computação de borda pode processar esses dados localmente, obtendo insights imediatos e propiciando respostas sem a necessidade de enviar informações para servidores distantes. Dessa forma, a cidade pode “pensar” instantaneamente.
Os impactos do edge no 5G já são sentidos em várias indústrias. Na saúde, por exemplo, a possibilidade de realizar cirurgias remotas com precisão e segurança só é viável por conta dessa agilidade no tempo de reação. Com a computação de borda, dados e tratamentos críticos podem ser mantidos perto de hospitais e clínicas, assegurando que as informações sejam acessadas em milissegundos.
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No segmento de manufatura, o edge computing permite a chamada “Indústria 4.0”, em que fábricas inteligentes utilizam sensores e máquinas conectadas para uma produção cada vez mais otimizada. Sensores instalados nos equipamentos enviam dados para um servidor local, no qual o processamento é feito prontamente e ajustes na produção são executados de imediato – essa rapidez é fundamental para garantir a eficiência dessas operações viabilizadas pelo edge computing em redes 5G.
Outro caso diz respeito aos automóveis autônomos, que exigem respostas em frações de segundo para tomar decisões no trânsito. Esses carros, equipados com sensores e câmeras, precisam processar grandes volumes de dados imediatamente – algo inviável com uma arquitetura de tratamento centralizado. Com o 5G e o edge computing, essas informações podem ser manipuladas nas imediações do veículo, diminuindo a velocidade de reação e, assim, ensejando estradas mais seguras.
Embora o edge computing seja promissor, há desafios a serem superados. Sua implementação em larga escala requer uma infraestrutura robusta e bem distribuída, capaz de suportar um grande número de dispositivos e lidar com os dados localmente em uma escala sem precedentes. Há também o obstáculo do gerenciamento de energia, uma vez que milhares de pontos de processamento descentralizados podem expandir o consumo energético, levantando preocupações ambientais e de sustentabilidade.
Outro ponto relevante é a interoperabilidade entre redes. Com o incremento de soluções descentralizadas, atestar que diferentes pontos de computação na borda se comuniquem de forma fluida e segura é necessário tanto para a continuidade dos serviços quanto para o compartilhamento eficaz de conteúdos.
Os anos futuros serão cruciais para o amadurecimento e a massificação dessa tecnologia, que deve revolucionar a forma como interagimos com o mundo ao nosso redor. O avanço do edge computing somado à 5G, se bem aplicado, poderá aprimorar a experiência digital e impulsionar uma nova era de inovação.
*Davi Lopes é diretor de Secure Power Brasil na Schneider Electric
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Redação tecflow
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