
A indústria dos videogames, que há décadas encanta gerações e movimenta bilhões ao redor do mundo, vive hoje um paradoxo no Brasil: nunca foi tão rica, potente e tecnicamente impressionante — e, ao mesmo tempo, tão inacessível. Nos últimos meses, esse abismo entre desejo e realidade se escancarou com aumentos sucessivos nos preços dos principais consoles e jogos, deixando claro que a nova geração de games está se tornando um luxo para poucos.
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O primeiro golpe: Nintendo abre o caminho

O alerta soou em março de 2024, quando a Nintendo anunciou um reajuste significativo nos preços de seus jogos para o Nintendo Switch. Títulos que antes chegavam por R$ 250 passaram a custar entre R$ 350 e R$ 400. A justificativa oficial girava em torno da inflação global, do aumento dos custos logísticos e da desvalorização cambial, mas o consumidor brasileiro já sentia no bolso muito antes disso.

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Xbox segue a tendência e pressiona ainda mais
Agora, em 2025, foi a vez da Microsoft jogar um balde de água fria nos gamers brasileiros. A gigante anunciou um novo aumento nos preços do Xbox Series X e S, além de reajustar as assinaturas do Game Pass, seu serviço de jogos por assinatura. O Xbox Series X, que já era comercializado por cerca de R$ 4.500, agora ultrapassa os R$ 5.000 em muitas lojas. O Game Pass Ultimate, que já havia sofrido reajuste em 2023, agora chega próximo dos R$ 70 por mês.

O movimento segue uma tendência global da Microsoft de reposicionar o valor de seus serviços e produtos, mas o impacto por aqui é brutal. Com o salário mínimo brasileiro em R$ 1.412, o custo de um único console equivale a mais de três salários inteiros, sem contar os jogos, acessórios e internet de qualidade necessária para jogar online.
O que esperar de GTA 6?
Como se não bastasse, o tão aguardado Grand Theft Auto VI (GTA 6) da Rockstar Games está previsto para ser lançado em 2025 com um preço que já assusta: especula-se que a versão base do jogo chegará às prateleiras brasileiras por algo entre R$ 350 e R$ 400 — e não se surpreenda se versões especiais ultrapassarem os R$ 600. Em um país onde comprar um jogo novo já é uma escolha financeira ponderada, GTA 6 poderá ser apenas um sonho distante para muitos.

A Rockstar, assim como outras grandes publishers, enxerga o valor de seus produtos em uma lógica de “serviço premium”, o que significa que quem quiser jogar no lançamento vai pagar caro. E, sem qualquer política de regionalização de preços eficiente para o Brasil — como há no PC com a Steam, por exemplo —, o impacto é sentido em cheio.
O Brasil e o videogame: uma relação desigual
Essa nova escalada de preços joga luz sobre um problema antigo: o Brasil é apaixonado por videogames, mas a indústria não é, necessariamente, apaixonada pelo Brasil. Apesar de termos uma das maiores bases de jogadores do mundo, somos frequentemente ignorados nas estratégias de precificação regional. E quando há algum esforço, como os preços em reais no Steam ou promoções pontuais, eles são exceção — não a regra.
Mais do que nunca, videogames no Brasil se tornaram um símbolo de desigualdade: acessíveis para poucos, distantes da maioria. As empresas, claro, têm seus custos e margens a preservar, mas a falta de sensibilidade com mercados emergentes contribui para perpetuar essa exclusão digital.

O futuro: um caminho sem volta?
Com a consolidação da nova geração e a chegada de títulos AAA cada vez mais caros e complexos, é difícil imaginar uma reversão dessa tendência. Consoles premium, jogos de R$ 400 e serviços de assinatura obrigatórios formam um combo que empurra os brasileiros — especialmente os mais jovens — para alternativas como o mercado cinza, a pirataria ou simplesmente a desistência.
Enquanto isso, desenvolvedores independentes e o mercado mobile se tornam refúgios para quem quer jogar sem falir. Mas não se engane: o sonho de ter um PlayStation 5, um Xbox Series X ou jogar GTA 6 no lançamento está, para muitos, cada vez mais distante.
A nova geração de consoles e jogos deveria representar um salto em qualidade, tecnologia e imersão — e, de fato, representa. Mas no Brasil, ela também marca uma guinada na exclusão de grande parte dos jogadores. A indústria precisa urgentemente repensar seu modelo de negócios para países como o nosso. Caso contrário, corre o risco de perder não só vendas, mas também relevância cultural num dos mercados mais apaixonados por games do planeta.
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Marciel
Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.