Amazon: Brasil passa por transformação digital, diz Jeffrey Kratz


O líder da Amazon Web Services (AWS) para a América Latina, Canadá e Caribe, Jeffrey Kratz acredita que o governo brasileiro deve buscar inspiração nas startups para abraçar a computação em nuvem e agilizar a transformação digital. “Os governos parecem sólidos, pesados, lentos. É por isso que gosto de levar a mentalidade de startups aos representantes do setor público”, diz. Segundo ele, a primeira vez que a AWS usou tecnologia de nuvem no Brasil foi para ajudar o governo  no combate à epidemia do vírus zika, nas vésperas das Olimpíadas. “Em 72 horas, ajudamos a consolidar e compartilhar informações entre 250 postos de saúde do país”, conta.

Para Kratz, a educação está entre os setores que mais podem se beneficiar da adoção da tecnologia, principalmente para o ensino à distância. Na semana passada, a empresa promoveu o evento AWS Initiative, em Brasília, quando reuniu representantes do setor público, de ONG e de instituição e entidades ligadas à educação para debater e desmistificar o uso da tecnologia. Antes do evento, ele abordou a transformação digital no Brasil. 

Como governos e empresas estão aderindo à computação em nuvem? Qual é a velocidade dessa conversão?

Mais de cinco mil agências governamentais, mais de 10 mil instituições acadêmicas e mais de 28 mil organizações sem fins lucrativos em todo o mundo usam a AWS. Oferecemos serviços da AWS para agências governamentais, incluindo de inteligência, em todo o mundo. Sejam serviços de inteligência dos Estados Unidos, ou de qualquer outro país, as instituições de governos têm acesso ao mesmo portfólio de serviços que todos os outros clientes da AWS. 

A adoção da AWS por governos evolui rapidamente. Temos uma equipe em rápido crescimento e estamos realmente empolgados por contratar e aumentar nossa equipe que trabalha em estreita colaboração com nossos clientes governamentais. Não divulgamos números, mas posso dizer que muitas agências governamentais estão atualmente usando a AWS e estamos trabalhando com muitos clientes de governos que buscam obter os benefícios da computação em nuvem e adquirir os recursos tecnológicos necessários para seus objetivos.

No Brasil, existem exemplos, como Operador Nacional do Sistema Elétrico, o Tribunal de Contas da União (TCU) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),  que utilizam a computação em nuvem para melhorar suas operações. Temos grandes projetos com o governo brasileiro, como quando a ex-presidente Dilma Rousseff pediu nossa ajuda no combate à epidemia do vírus zika, nas vésperas das Olimpíadas. Em 72 horas, ajudamos a consolidar e a compartilhar informações entre 250 postos de saúde do país. 

Este ano, o governo Federal brasileiro adotou novas regras para contratos de tecnologia que dão preferência à computação em nuvem. Agora, as pessoas no governo conhecem os benefícios da computação em nuvem, mas precisam aprender como usar essa tecnologia para aumentar sua agilidade, segurança, o potencial de inovação e, ao mesmo tempo, reduzir custos.

Quais são os exemplos de adesão, no Brasil, de governos ou projetos específicos que utilizaram a tecnologia?


Nos últimos anos, houve um grande crescimento de iniciativas digitais do governo federal brasileiro. O Ministério da Economia (Secretaria de Governo Digital) atua como órgão central de alguns sistemas estruturantes, como o SISP, que cuida da governança de TI da administração pública do país. Descartando a adoção de uma infraestrutura física, cujo ciclo de vida e custos eram incompatíveis com as necessidades do ministério, o órgão optou pela nuvem pública quando precisava aumentar a agilidade. 

O primeiro sistema desenvolvido pelo então Ministério do Planejamento, com o Amazon Web Services, foi para combater o Aedes Aegypti, em um momento em que o governo federal precisava responder rapidamente à ameaça de uma epidemia do vírus Zika, uma doença transmitida por mosquitos. A tecnologia ajudou a engajar agentes públicos na campanha nacional, por meio de um aplicativo desenvolvido com a consultoria OutSystem Brasil. A primeira versão da plataforma foi criada em apenas 24 horas, até atingir gradualmente 406 agências federais.


Outro exemplo é o INPE, que está rastreando o perfil da floresta amazônica obtido a partir dos dados do LiDAR com AWS. Para extrapolar a biomassa coletada de toda a Amazônia, foram utilizados dados de satélites de vários tipos, como RADAR, spectrum visível e infravermelho. Cerca de 500 milhões de registros de dados foram processados na geração do mapa. O esforço computacional seria muito maior do que a capacidade de processamento do servidor adquirido para o projeto, então, a equipe optou por utilizar a nuvem AWS. 

Este ano, o governo publicou a Instrução Normativa nº 1/2019, com diretrizes que priorizam o uso da nuvem, em vez de investimentos em data centers. Como essa diretriz afeta a oferta desse serviço no Brasil?
No Brasil, há um entendimento crescente de que, ao investir em computação em nuvem, empresas e governos podem se beneficiar de um menor custo de TI, com mais segurança e rapidez na implementação, além de maior poder de processamento e escalabilidade.  

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  • Os governos podem se beneficiar da computação em nuvem de várias maneiras, do gerenciamento de dados às funcionalidades da Smart City – com ferramentas Open Data e Internet das Coisas. A AWS ajuda a tornar esses dados abertos e disponíveis para o público descobrir, acessar e usar. A IoT está sendo usada para áreas importantes para todos nós: água, transporte, segurança pública, serviços da cidade, infraestrutura inteligente e serviços de saúde, por exemplo.

    O Brasil figura entre os países que estão se preparando para a transformação digital. Além do nível federal, estamos vendo as coisas acontecerem também no nível estadual. Isso faz sentido pela demanda dos cidadãos, porque eles acreditam em sua própria legislação e orçamento. O Brasil dá passos importantes em direção à adoção da computação em nuvem.

    Quais são as oportunidades, obstáculos e desafios no mercado brasileiro?
    O Brasil me inspira. Toda vez que saio, fico animado com o potencial aqui. Os governos devem agir rapidamente e buscar inspiração no ecossistema de startups. Os governos parecem sólidos, pesados, lentos. É por isso que gosto de levar a mentalidade de startups aos representantes do Setor Público. A prudência em si é justificada, mas não pode imobilizar o setor. Com a tecnologia, o governo pode ter a  agilidade  de uma startup e, ao mesmo tempo, tornar suas operações mais seguras.

    As startups são mais abertas a essa tecnologia do que as empresas tradicionais?


    Muitos dos aplicativos de consumo que se tornaram nomes familiares nos últimos anos poderiam não ter se tornado tão difundidos sem a nuvem. Startups como Airbnb, Instacart, Lyft, Nextdoor e Slack puderam lançar suas novas idéias rapidamente, sem ter que garantir uma tonelada de capital primeiro para depois escalar globalmente com base na demanda do consumidor a uma velocidade que não seria possível se eles tivessem que construir seus próprios data centers. Isso significa que os empreendedores puderam focar toda a sua engenharia e inteligência em coisas que os consumidores amam: o aplicativo. 

    Todos os setores estão sendo reinventados por empresas que estão aproveitando as tendências e mudanças tecnológicas, como a nuvem. As startups estão criando disrupturas,  indústrias consolidadas e inventando novas. E as empresas começaram a descobrir a mesma coisa. Muitos dos nossos clientes corporativos estão adotando a mudança e usando a nuvem para transformar seus negócios.

    As startups de tecnologia educacional, as chamadas EdTechs, são um ótimo exemplo. Startups como a Passei Direto, ou Descomplica, são empresas brasileiras que estão mudando a educação a distância, usando a tecnologia em nuvem para apoiar suas operações e impulsionar seus negócios. Mas também vemos o uso da computação em nuvem em grandes instituições de ensino, como o Grupo Kroton, que utiliza serviços da AWS em sua plataforma de educação a distância, usada milhares de estudantes no Brasil. 

    O que as plataformas estão fazendo para garantir a segurança de pessoas, governos e empresas após a experiência de vazamentos, como casos que ficaram mundialmente famosos, como a Cambridge Analytica envolvendo o Facebook, a vaza jato, envolvendo o Telegram?


    Regulamentos como o GDPR (lei de proteção de dados), na Europa, e a Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil estão chegando para orientar o que as empresas devem fazer. Na AWS, temos um modelo de responsabilidade compartilhada com o cliente. A AWS gerencia e controla os componentes do sistema operacional, da camada de virtualização até a segurança física das instalações em que os serviços operam, e os clientes da AWS são responsáveis por criar aplicativos seguros. 

    Fornecemos uma ampla variedade de documentos de práticas recomendadas, ferramentas de criptografia e outras orientações que nossos clientes podem aproveitar para fornecer medidas de segurança no nível do aplicativo. Além disso, os parceiros da AWS oferecem centenas de ferramentas e recursos para ajudar os clientes a atingir seus objetivos, desde segurança de rede, gerenciamento de configuração, controle de acesso e criptografia de dados.

    É possível educar pessoas, empresas e governos? Com que tipo de treinamento?


    A Amazon investe no Brasil há oito anos. Estamos em mais de 100 universidades, ajudando professores a ensinar e divulgar a importância das melhores práticas de segurança cibernética. A AWS tem uma iniciativa global chamada AWS Educate que fornece aos alunos e professores os recursos necessários para acelerar o aprendizado relacionado à nuvem. No Brasil, o AWS Educate inclui instituições como o SENAI, USP, Unicamp, Mackenzie, UFRJ e Kroton. No final de 2018, a cidade de Araraquara e seis instituições educacionais da cidade aderiram ao programa para treinar mil alunos com conhecimentos e habilidades em computação em nuvem. Dessa forma, a cidade se tornou um centro, onde a AWS está disponibilizando créditos para o desenvolvimento de projetos de tecnologia em nuvem pelos estudantes. Somente neste ano, anunciamos mais dois projetos de colaboração como este: com a cidade de Santos, uma parceria em um novo parque tecnológico, e com o SENAI um contrato para ajudar a treinar 2 milhões de estudantes.

    Além disso, temos o  AWS Academy, que é dividido em um curso de introdução à nuvem, que fornece uma visão geral dos conceitos de nuvem, e um curso focado no conhecimento técnico em computação em nuvem e nas habilidades necessárias para o trabalho; o AWS Cloud Credits for Research, um programa que oferece suporte a pesquisadores científicos; e AWS EdStart, um programa global de aceleração para startups focadas em tecnologia educacional, criado para ajudar empreendedores a desenvolver a próxima geração de soluções de aprendizado on-line, análise de dados e soluções de gerenciamento de campus através do serviço de computação em nuvem da AWS

    Qual o objetivo do AWS Initiate, que reuniu governo, ONGs e instituições de ensino em Brasília, na semana passada, para discutir o tema? 


    Há algum tempo, os ministérios conhecem certas possibilidades, mas não as exploram, mas muitas vezes não sabem o que fazer com isso. Então, o objetivo do AWS Initiate Day Brasília é responder perguntas sobre computação em nuvem. Queremos ensinar, sem nenhum custo, como tirar proveito das novas tecnologias.

    É a primeira vez que AWS Initiate Day ocorre em Brasília. Trata-se um um evento focado em ajudar organizações do setor público a aprender mais e preparar suas equipes em suas jornadas para uma transformação digital através dos benefícios dos serviços de computação em nuvem. É uma oportunidade para que os líderes aprendam com aqueles que já mudaram para a nuvem, como o TCU e o ONS, e entender a cultura de inovação da Amazon, como eles podem trabalhar com a computação em nuvem em seus projetos de transformação digital e como para migrar pacotes de dados para a nuvem.

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    Marciel

    Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.

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