Previsto para ter início em novembro, o PIX – novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC) – deve revolucionar esse nicho do mercado e pode acabar, de forma definitiva, com os sistemas de DOC e TED, oferecidos atualmente pelos bancos. A novidade deve colocar vários players desse disputado mercado competindo por clientes, dessa vez em uma inédita igualdade de forças.
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Enquanto os bancos cobram taxas de até R$20 por um DOC ou um TED, o PIX irá ser gratuito para quem envia o dinheiro. É esse justamente o objetivo anunciado pelo Banco Central: baratear e democratizar o custo das operações de transferências e pagamentos.
Com o PIX, as movimentações poderão ser feitas 24 horas por dia, sete dias por semana, com compensação instantânea do dinheiro – em TEDs e DOCs, as transferências podem ser feitas apenas em dias úteis, em horários restritos. Será possível transferir dinheiro para um destinatário gratuitamente, não importa qual o banco ou outra instituição em que ele tem conta. Dados do BC informam que já foram solicitados 980 pedidos de adesão de empresas interessadas, sendo que apenas uma pequena parte são de instituições financeiras.
“Com a disseminação do uso do PIX, a tendência é a redução da utilização de dinheiro vivo e esse fato pode, inclusive, reduzir, ou pelo menos ajudar a controlar a prática de lavagem de dinheiro”,
explica o especialista em Direito Empresarial e Societário, e professor do Insper e da Faap, Marcelo Godke.
O advogado acredita que o PIX irá colocar o Brasil na modernidade financeira.
“Vários outros países já adotam sistemas similares. O custo de fazer o dinheiro transitar vai cair, teremos mais agilidade e menos risco, já que a liquidação das transferências acontece basicamente em tempo real”
informa Godke.
Com relação ao novo cenário e a concorrência, o especialista acredita que, por uma questão de mercado, quem resolver ficar fora do novo sistema estará condenado ao fracasso em um futuro próximo.
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“Pela regulamentação em vigor, todos os grandes bancos terão de participar do PIX. Mas, por conta da internet e da tecnologia, eles perderão o controle sobre o fluxo financeiro das pessoas e das empresas. O PIX é só a tecnologia que vai levar a isso”
lembra.
A corrida para implantação do PIX
O Pix, novo método de pagamento, transferência e recebimento criado pelo Banco Central, estará disponível no Sicoob – Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil a partir de 16 de novembro, quando os mais de 4,8 milhões de cooperados poderão utilizar a nova funcionalidade.
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De acordo com Marcos Vinicius Viana Borges, diretor executivo de Operações do Centro Cooperativo Sicoob, o projeto está em consonância com alguns dos principais pilares das cooperativas, como a inclusão e a justiça financeiras.
“O Pix vai romper barreiras e possibilitar a inclusão de um maior número de pessoas no sistema financeiro, integrando o pagador e o recebedor, sem intermediários, com custos menores para todos”
afirma.
O BS2 avança em mais um teste de performance do PIX, sistema de transferências e pagamentos instantâneos do Banco Central, que entra em vigor em 16 de novembro. Esta etapa do teste consiste em avaliar a capacidade de gestão de chaves (DICT) em grande escala. Com capacidade para processar mais de 50 mil chaves em menos de 10 minutos, o BS2 bateu facilmente a quantidade mínima exigida pelo Banco Central para a validação de testes da entidade, que é de 10.000 chaves em até 10 minutos.
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A próxima etapa do processo será a aprovação do novo projeto de aplicativo do BS2, que deve acontecer até o final deste mês. Desta maneira, o BS2 caminha para ser o primeiro banco 100% homologado pelo regulador. O Banco já trabalha desde o início do ano para ofertar essa tecnologia inovadora para seus clientes logo no primeiro dia de atividade.
“Superamos as expectativas em outro teste do BC. Isso mostra que a capacidade da nossa plataforma proprietária atingiu e superou todas as exigências mínimas do PIX. Estamos preparados para levar ao mercado e ao nosso cliente uma tecnologia moderna e eficiente”
diz Fernando Radunz, CIO do Banco BS2.
Oportunidades para as fintechs
O mercado financeiro brasileiro nunca esteve tão democrático quanto atualmente, sendo povoado por um número crescente de fintechs e novos entrantes de diferentes setores (que vão desde varejistas até empresas de telefonia). Isso se deve tanto aos avanços regulatórios recentes promovidos pelo Banco Central em prol do aumento de competitividade, quanto ao avanço tecnológico no setor, que presenciou que presenciou uma forte diminuição de custos na última década.
Isso porque pode ser bem mais demorado e caro construir todo o aparato tecnológico dentro de casa e tirar as licenças específicas para rodar sua operação de “banco digital” do que terceirizar esse esforço para essas companhias especializadas. Suas soluções vão desde a emissão de cartões, criação e gestão de contas digitais, oferta de soluções de crédito, viabilização de estruturas de pagamentos (o que pode incluir a preparação para o novo sistema de pagamentos instantâneos, o PIX), dentre outros.
” As alternativas frequentemente são modulares e têm certo nível de personalização, o que também torna a oferta atrativa, além de comumente contarem com a expertise trazida por empresas que já viram todo tipo de potenciais problemas em suas diversas implementações”
comenta Bruno Diniz, cofundador da Spiralem (consultoria especializada em inovação para o mercado financeiro), Head do Comitê Fintech da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e professor de fintech na Fundação Getúlio Vargas e no MBA da Universidade de São Paulo (USP).
Investimentos no setor e perspectivas
Alguns fundos de investimento parecem estar gostando desta tese no Brasil, o que fica visível dado os aportes recentes na SWAP (vindos da Canary, Global Founders, Flourish Ventures, dentre outros) e na Matera (por parte do Kinea, gestora de Private Equity do Itaú). A Riverwood Capital, por exemplo, tem participação em duas empresas que atuam com infraestrutura para banking, como a Conductor e a Technisys.
Além dos fundos, grandes corporações também estão se posicionando no setor. Dentre os players do mercado financeiro tradicional temos a Visa, que realizou investimentos estratégicos tanto na norte-americana Marqeta quanto na brasileira Conductor, empresas que utilizam sua bandeira para emitir os cartões de seus clientes.
“O banco J.P. Morgan também realizou investimentos nesse sentido quando se tornou sócio da Fitbank, com o intuito de levar os serviços dessa fintech para seus clientes corporativos. Outra movimentação interessante aconteceu por parte da Stefanini, tradicional prestador de serviços de tecnologia, que adquiriu a Logbank para adicionar soluções de banking as a service ao seu portfólio. É provável que outras empresas do mercado financeiro e de tecnologia da informação realizem aquisições nesse ambiente para aproveitar esse novo filão”
finaliza Bruno.
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Marciel
Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.