Thiago Guimarães*
As empresas brasileiras, que ainda estão se recuperando dos impactos trazidos pela pandemia e seus desafios, já têm outra preocupação no horizonte: o apagão. Depois de anos com certa estabilidade energética, em 2021 esta palavra voltou a circular nos noticiários devido ao período de poucas chuvas e reservatórios em níveis críticos. Neste cenário, as iniciativas para a redução de consumo passaram a ser desafiadoras para as organizações.
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No varejo alimentar, por exemplo, o principal vilão na conta de energia são os equipamentos de refrigeração para manter os alimentos dentro das temperaturas recomendadas. Sabemos que em muitos supermercados os equipamentos são antigos e os times de manutenção acabam ficando sobrecarregados.
Da mesma forma que precisávamos descongelar os freezers de nossas geladeiras antigas, nos refrigeradores de supermercado existem resistências elétricas que são ligadas periodicamente para tirar o gelo que acaba se formando na saída de ar frio, evitando assim o bloqueio daquela saída de ar. Quanto mais vezes essa resistência for acionada, menor será o risco da formação de gelo e, consequentemente, menor o risco de perda de produtos e danos aos equipamentos. Contudo, essa estratégia acaba trazendo um consumo maior de energia ao gerar calor na resistência e depois baixar novamente a temperatura.
Num cenário de um supermercado com refrigeradores antigos e uma manutenção deficitária, essa condição de operar com maior quantidade de degelos para reduzir os riscos de quebra do equipamento e a perda de produtos é muito comum. Com isso, muitas vezes o aumento de consumo de energia acaba ficando oculto.
A boa notícia é que as tecnologias da Indústria 4.0 podem apoiar este cenário. Utilizando IoT (Internet das Coisas), é possível instalar sensores que coletam dados dos equipamentos, como temperatura e abertura de portas, e transmitir essas informações por bluetooth para a rede, sem a necessidade de passar nenhuma fiação na loja. Com os dados disponíveis, algoritmos de Inteligência Artificial analisam os padrões de operação do equipamento indicando quando existe um risco de falha do equipamento ou risco de perda do produto, permitindo uma atuação preditiva do time de manutenção.
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O monitoramento em tempo real por meio da Inteligência Artificial vai permitir a redução do número de degelos dos refrigeradores, sem expor os produtos a risco e sem sobrecarregar o time de manutenção. A adoção dessa tecnologia em alguns varejistas propicia, em média, redução de 100% sobre as perdas de produto por problemas na refrigeração, além da diminuição em mais de 10% no consumo de energia da loja. Assim como a tecnologia foi importante para superar os desafios trazidos pela pandemia, ela também pode ser uma importante aliada das empresas neste momento de crise energética.
*Thiago Guimarães é gerente sênior de riscos e performance na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.
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Marciel
Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.