Por: Vivaldo José Breternitz
A maioria dos ataques de grupos privados de hackers tem como objetivo a extorsão ou o vandalismo puro e simples. Agora, surge um desses grupos com um objetivo diferente e ambicioso: derrubar um governo ditatorial e implantar uma democracia. O alvo é Alexander Lukashenko, que vem sendo reeleito presidente de Belarus há 27 anos – alguns dizem que o país é a única ditadura da Europa.
Belarus, que fez parte da extinta União Soviética, tem cerca de dez milhões de habitantes e índices de qualidade de vida bastante elevados; apesar disso, um grupo de hackers, que se autodenomina Belarus Cyber Partisans, (algo como Guerrilheiros Cibernéticos de Belarus) vem, há algum tempo, atacando sistematicamente o governo de Lukashenko.
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Esses ataques não se limitam a ações de propaganda: vão desde vandalização de sites do governo, iniciada como forma de protesto em 2020 quando Lukashenko teria sido mais uma vez reeleito de forma fraudulenta, até a divulgação de dados confidenciais roubados de redes da polícia e outros órgãos públicos.
Esses dados, que foram tornados públicos nas últimas semanas, incluem listas de supostos informantes da polícia, informações pessoais sobre altos funcionários do governo, imagens capturadas por drones da polícia e por câmeras de vigilância de prisões, além de gravações de áudios de serviços de emergência e de conversas registradas pelo sistema de escuta telefônica do governo.
Os hackers têm sido apoiados pelo BYPOL, um grupo formado por atuais e antigos membros das forças de segurança do país, que afirma ter também como objetivo restaurar a democracia em Belarus. Esse grupo fornece aos hackers informações que ajudam no planejamento e execução dos ataques, recebendo em troca dados obtidos pelos Partisans.
O BYPOL também divulga informações acerca de desmandos do governo Lukashenko, informações essas que levaram o governo americano a impor sanções contra o regime de Belarus.
O grupo de hackers é pequeno, formado por 15 especialistas em tecnologia da informação e segurança cibernética que trabalham no país – nenhum é “hacker profissional”, mas ao que parece estão conseguindo trazer boas dores de cabeça a Lukashenko.
Vivaldo José Breternitz,Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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Marciel
Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.