Modelagem X Clonagem vocal: como a Inteligência Artificial tem impactado a indústria musical

* Por Geraldo Ramos, CEO da Music.AI

2023 foi o ano da Inteligência Artificial. Durante os 12 meses vimos uma verdadeira explosão das tecnologias que vieram para facilitar vários setores das nossas vidas, como comércio e atendimento ao cliente. O entretenimento, claro, não ficou de fora desse movimento, e os avanços na área musical foram igualmente revolucionários. Muito provavelmente você já deve ter ouvido ao rolar sua timeline alguma versão engraçada da Ariana Grande cantando um hit brasileiro ou um feat entre Drake e The Weeknd, criado digitalmente – os dois cantores canadenses nunca gravaram juntos. Esse truque é o que é popularmente conhecido por clonagem de voz. Para alguns, isso pode ser divertido, para outros, controverso. Se uma IA está clonando a voz de Ariana em algo que ela não trabalhou, o que isso significa para a própria cantora? 

Pensando nos criadores de conteúdo e entendendo que um artista é mais do que sua voz, mas também todas as suas outras características, surge no mercado musical um novo conceito: modelagem vocal. Já possuímos tecnologias que trabalham não em uma simples cópia de voz, mas em transferências de timbres. E afinal, qual a diferença entre os dois? Quando se clona a voz, ignoram-se os direitos autorais, artísticos e monetários daquele cantor. Além disso, na maioria das vezes, a qualidade final deixa a desejar pelo fato de não serem utilizados arquivos de alta fidelidade no processo. Quando a clonagem é praticada, o intuito é replicar também o estilo, sotaque e cadência. 

A modelagem, por sua vez, se tornou uma nova alternativa para que os artistas possam expandir a monetização de habilidades musicais. Com a Inteligência Artificial, cantores vão para os estúdios com o intuito de fazerem registros de seus timbres em alta fidelidade que podem ser usados depois, aplicando seu timbre em diferentes trabalhos. Existem casos de produtores que precisam submeter composições a gravadoras, artistas ou outros e, agora, têm à disposição uma diversidade de vozes, ajustando tonalidade, timbre e estilo vocal para melhor expressar sua visão criativa a potenciais colaboradores. Também é uma alternativa para empresas especializadas em produção de conteúdo audiovisual, com restrições temporais, conseguem criar e entregar demonstrações de maneira ágil, desenvolvendo protótipos e apresentações de alta qualidade com rapidez. Dessa forma, a contratação de profissionais de locução pode ser agendada e executada de maneira mais eficiente.

Tendo em vista tudo isso, continua sendo responsabilidade do artista expressar sua visão de forma autêntica, e a evolução da Inteligência Artificial surgiu como um elemento significativo e influente nesse alcance criativo. Em última análise, o papel das empresas é disponibilizar a IA para artistas e produtores que compartilham da convicção de que essas tecnologias podem contribuir para a concretização de sua visão artística. Da mesma forma que o surgimento de plugins, gravadores digitais, beat machines e outras inovações revolucionaram o processo de criação musical, a IA já se solidificou como um elemento crucial no fluxo de trabalho de diversos profissionais do setor. 

À medida que avançamos para um novo ano, é importante considerar não apenas os avanços tecnológicos, mas também as implicações éticas e legais que acompanham essas inovações. O equilíbrio entre a liberdade criativa proporcionada pela Inteligência Artificial e a preservação dos direitos dos artistas é uma discussão que continuará a moldar o cenário musical. Enquanto a modelagem vocal oferece uma alternativa ética para os músicos explorarem novas fontes de receita e colaborações, a clonagem vocal desafia as fronteiras tradicionais da autenticidade artística. A mistura entre IA e música está transformando não apenas a maneira como ouvimos, mas também as complexas dinâmicas entre criadores e suas criações. O que nos resta é ficar de olho, acompanhando esse desenvolvimento e, claro, fazer parte desse futuro. 

* Geraldo Ramos é um empreendedor brasileiro, pernambucano de nascimento e paraibano de criação que está nos EUA desde 2012, trabalhando com tecnologia. Possui vasta experiência e já criou diversas empresas, como a HackHands. Em 2019, Ramos fundou a Moises, aplicativo líder em criação musical com IA, que revoluciona a forma como seus mais de 40 milhões de usuários transformam suas ideias musicais em realidade. Em 2023, também esteve à frente da Music.AI, uma das principais provedoras de plataforma de música e áudio alimentada por IA utilizada por gravadoras, agências, empresas de tecnologia e desenvolvedores.

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Redação tecflow

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