*Por: Fábio Lopes
A Inteligência Artificial (IA) tem sido protagonista de diversas novidades que começam a fazer parte das nossas atividades diárias. Assistentes de voz como Amazon, Alexa, ou chatbots como a Bia, do Bradesco, são alguns dos exemplos mais conhecidos.
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Essas aplicações nos convidam a refletir sobre quais serão as novas formas de interação com máquinas e sistemas cada vez mais presentes em nosso cotidiano.
Se observamos algumas séries e filmes no formato live-action, como o recém-lançado Pinóquio, da Disney, podemos encontrar a construção de imagens artificiais, em representações realísticas, ao ponto de nos colocar em dúvida sobre o que é realidade e o que é ficção.
As tecnologias que contribuem para a produção de imagens artificiais estão evoluindo rapidamente nos últimos anos. Quando aliadas à Inteligência Artificial, elas ganham ainda mais impacto. É o caso das produções feitas por ferramentas como o Midjourney e o DALL-E 2, que ajudam na criação de imagens realísticas por meio de descrições em linguagem natural.
Na linha musical, o Boomy e o These Lyrics do not Exist ajudam a criar músicas com apoio da IA. Esses são exemplos de aplicações que promovem facilidades ao desenvolvimento de trabalhos criativos em uma nova frente denominada CreativeIA.
Também vemos aplicações para o planejamento urbano. A possibilidade de visualizar espaços alterados, antes da intervenção, contribui para melhoria de projetos arquitetônicos e urbanísticos.
A serendipidade, termo conhecido no mundo das startups, algo como uma descoberta ao acaso, quando aliada a mecanismos artificiais, ou serendipidade artificial, pode ajudar a conectar pontos aleatórios e criar caminhos para a criatividade.
Tenho observado o potencial criativo estimulado por meio de imagens e vídeos que são atualmente disponibilizados em redes sociais como o Instagram e o Facebook. Cito esse ponto, pois a nossa exposição aos conteúdos midiáticos é condicionada por algoritmos inseridos no core dessas ferramentas. À medida em que procuramos mais temas, recebemos sugestões com novos conteúdos. Logo, nosso cérebro é bombardeado com informações que estimulam nossa capacidade de criação.
Os produtos dessa natureza podem gerar opiniões controversas, considerando os recursos disponíveis para o artista criar uma arte digital. Contudo, os recursos computacionais também são vários e o artista deve explorá-los para obter bons resultados.
Essas aplicações, e outras tantas, exemplificam a diversidade de áreas e assuntos que a IA está alcançando no nosso dia a dia.
Outro tema que tem despertado atenção e reflexão é a deepfake. O termo foi cunhado a partir da combinação do termo Deep Learning – uma área da Inteligência Artificial — e Fake, para indicar a adulteração ou falsidade do resultado digital produzido nessa modalidade. Mas por que criar essa tecnologia?
A tecnologia IA Deep Learning criou possibilidades diversas no campo da edição de vídeos e imagens. Há possibilidade de manipulá-los com uma simples troca de rostos ou a fala de uma pessoa pode ser totalmente modificada. Entre os exemplos mais famosos está um vídeo protagonizado por Barak Obama, em que o humorista Jordan Peele altera o discurso, incluindo frases nunca ditas pelo ex-presidente americano. Mais recentemente, o TikTok ganhou várias versões em que o ator Keanu Rivers aparece fazendo coisas estranhas.
A tecnologia empregada no vídeo do Barak Obama e do Jordan Peele poderá ser utilizada para uma nova geração de chatbots de atendentes, em que uma imagem humana sintética poderá aparecer na tela do seu celular para conversar contigo sobre uma dificuldade qualquer. Já existem bancos de dados de imagens de rostos humanos, todos criados por computador, com efeito realista.
Trocas de rostos em imagens e vídeos, como no caso do suposto Keanu Reaves, poderão ajudar em áreas como estética, em que você testará cortes de cabelo, roupas e maquiagem, ou mesmo mudanças estéticas de cirurgias plásticas, sem submeter-se fisicamente aos testes. Novos serviços e produtos podem ganhar destaque com essas aplicações.
Contudo, coisas para o mal também já acontecem em formato de Fake News. Tem se tornado cada vez mais comum nas redes sociais, situações em que há alterações em discursos, notícias adulteradas, imagens com rostos modificados para criar situações constrangedoras.
Recentemente, uma obra de arte elaborada com auxílio do Midjourney, ganhou um concurso nos Estados Unidos. O artista utilizou várias etapas de retoque para inscrever a criação na categoria de arte digital na Colorado State Fair, causando reações negativas por parte dos outros participantes.
A empresa OpenAI também está protagonizando parte dessa história com o Dall-E 2. Trata-se de um sistema desenvolvido para auxiliar na criação de imagens realísticas. Entre elas, é possível construir deepfakes com edição automática de rostos humanos. Além disso, é possível incluir a face em outros contextos de imagens ou alterar seus detalhes gerando, assim, as deefakes.
Em síntese, esses sistemas já estão em uso. Sendo assim, estamos expostos a produtos que ainda precisamos digerir, relacionados a benefícios ou malefícios para a sociedade. Ainda temos muito que pesquisar e aprender sobre os vieses que a Inteligência Artificial pode gerar e como nós, humanos, interpretamos o artificial, e o quanto somos impactados com esses produtos e os efeitos que estas tecnologias oferecem.
*Fábio Lopes é professor do Programa de Mestrado em Computação Aplicada da Faculdade de Computação e Informática (FCI) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
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Leandro Lima
Graduado em tecnologia e design gráfico, sou apaixonado pela fotografia e inovações tecnológicas. Atualmente escrevo para o Tecflow.