Humanos vs máquinas: quando a tecnologia se torna essencial no mercado de trabalho

*Por: Helcio Lenz

A inovação é constante e cada vez mais rápida. Mas não é de hoje que os avanços tecnológicos geram um certo temor entre as pessoas. Quando a TV surgiu, acharam que era o fim do rádio. Quando veículos online se propagaram na internet, disseram que seria o fim dos jornais e das revistas. Hoje estamos adaptados a tudo isso. Já vivemos com a inteligência artificial em atividades do dia a dia e, a tendência é que, esse movimento deve apenas ampliar com o passar do tempo. Nesse cenário, uma preocupação se torna constante: “vou perder meu emprego para uma máquina?”

E venho aqui dizer que não. Você não deve perder o emprego, mas provavelmente terá as atividades que realiza adaptadas de forma mais estratégica. A verdade nua e crua é que a automação é essencial para alguns setores que já sofrem com a escassez de mão de obra. Segundo dados de um estudo realizado por ManpowerGroup, o Brasil atingiu marca de 81% em 2022 (versus a média global de 75%) na falta de mão de obra qualificada. Vamos focar no setor de logística, que é uma das áreas mais afetadas nesse quesito, segundo a pesquisa.

A realidade é que a complexidade das operações logísticas estão cada vez mais exigentes. Vamos supor uma situação comum, quando um consumidor percebe que acabou a ração do seu cachorro. Então, ele entra em lojas especializadas online e, dependendo de onde ele mora, a ração pode chegar na casa dele em até uma hora. Todo esse processo parece extremamente simples, mas necessita um grande sistema de gestão das lojas físicas e dos centros de distribuição daquela marca para tornar toda essa operação possível. Hoje, mais da metade dos brasileiros (55%) prefere comprar produtos online ao invés das lojas físicas, de acordo com a YouGov. O número nacional supera a média da América Latina, de 35%. As pessoas esperam por mais qualidade, personalização e velocidade, o que torna as operações em si cada vez mais complexas.

Agora, em uma visão de mercado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no varejo cresceram 2,5% em janeiro em comparação com dezembro – o que por si só já é muito acima das expectativas. Com um crescimento contínuo da demanda, as empresas verão cada vez mais a necessidade de ampliar os negócios. Mas com a falta de mão de obra, como vão conseguir aumentar a escala de suas operações? E a resposta é simples: com tecnologia.

Quando a Ariat International, fabricante estadunidense líder no ramo de calçados, roupas e cintos equestres, expandiu sua operação para um centro de distribuição de 90.000 m², eles entenderam que seria preciso uma força a mais para ajudar os colaboradores a darem conta do recado. A solução para otimizar o processo – além da implementação de um software WMS adaptável – foram os AMRs (Robôs Móveis Autônomos).

Em um enorme centro de distribuição, como o da Ariat, os robôs permitem que os funcionários não percam tempo andando pelo armazém, procurando um produto. Ao invés disso, esse funcionário apenas dá o comando e o robô leva tudo até ele, movimentando as prateleiras, sem riscos de derrubar o produto também. Nesse cenário, é possível agilizar o processo, evitar acidentes e perdas de produto, além de aprimorar a qualidade do trabalho realizado pelo colaborador.

A automação é um processo natural. Um levantamento feito pela Deloitte apontou que 70% das empresas brasileiras tinham intenção de investir em Inteligência Artificial, no ano passado. Não é à toa que vemos esse movimento crescer, pois a tecnologia é sim uma grande aliada para melhorar os serviços. Dados do KPMG Global Tech Report 2023, apontaram que os lucros de empresas brasileiras aumentaram devido a investimentos em áreas como segurança cibernética, nuvem, Data & Analytics, Inteligência Artificial e automação.

Nesse aspecto, em vez de nadar contra a correnteza, podemos até aceitar os avanços tecnológicos como um novo colega de trabalho. Vemos que as pessoas não querem mais realizar atividades consideradas monótonas, principalmente atividades que envolvem força braçal. E não há nada de errado nisso, pelo contrário. Essa busca pelo crescimento é o que permite nosso avanço e evolução. A tecnologia tem evoluído para que as pessoas possam utilizar seu tempo em atividades estratégicas, melhorando assim a qualidade de vida.

*Helcio Lenz é Managing Director da Körber Supply Chain na América Latina.

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Redação tecflow

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