
A transição energética deixou de ser uma promessa distante e passou a fazer parte da realidade de empresas e governos que buscam soluções mais seguras, resilientes e sustentáveis para o fornecimento de energia. Nesse contexto, as microrredes – ou microgrids – vêm ganhando destaque como alternativa estratégica à infraestrutura centralizada tradicional, impulsionadas por inovações tecnológicas, novos modelos de negócio e a crescente demanda por inteligência energética.
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Segundo projeções da consultoria Gartner, até 2027, empresas da Fortune 500 deverão redirecionar até US$ 500 bilhões de seus custos operacionais de energia para sistemas baseados em microrredes. Essa tendência reflete a urgência em mitigar riscos, atender à explosão do consumo por tecnologias como a inteligência artificial e enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela necessidade de descarbonização.
Para entender como o Brasil e o mundo estão se preparando para essa nova fase do setor elétrico, o tecflow conversou com Fabio Castellini, diretor da área de Power Systems da Schneider Electric no Brasil. Ao longo da entrevista, Castellini detalha os entraves regulatórios que ainda precisam ser superados, os impactos positivos da adoção de corrente contínua (DC), o papel decisivo das usinas virtuais de energia (VPPs), e como soluções como o modelo Energy-as-a-Service e o uso de inteligência artificial estão tornando as microgrids mais acessíveis e eficientes.
Além disso, ele destaca como tecnologias emergentes – como blockchain e baterias de sódio-íon – estão acelerando a transformação energética e contribuindo para um sistema elétrico mais flexível, conectado e preparado para os desafios da nova era digital.
A seguir, você confere os principais insights da entrevista exclusiva com Fabio Castellini sobre o papel das microrredes na construção do futuro energético.

tecflow: Quais são os principais desafios regulatórios que ainda precisam ser superados para a ampla adoção das microrredes no Brasil e no mundo?
Fabio Castellini: A regulamentação precisa evoluir para acompanhar o avanço das microrredes como solução estratégica para segurança e eficiência energética. Ainda existem barreiras que dificultam a monetização da eletricidade gerada e armazenada, além de desafios técnicos para a integração com a rede convencional.
Em muitos mercados, as regras para venda do excedente e participação no sistema elétrico ainda são limitadas. Cabe ressaltar que a digitalização da rede precisa prosperar para permitir uma integração inteligente das microgrids. A regulamentação deve facilitar esse processo, incentivando modelos de negócios que tornem viáveis os investimentos em infraestrutura descentralizada.
tecflow: De que forma a inteligência artificial pode aprimorar a eficiência operacional das microrredes e quais são as principais barreiras para sua implementação?
Fabio Castellini: A inteligência artificial (IA), por meio de algoritmos avançados, possibilita identificarmos padrões de consumo, otimizarmos o armazenamento de energia e até automatizarmos a venda do excedente. Esse tipo de tecnologia viabiliza que as empresas reduzam custos ao evitar tarifas elevadas nos horários de pico e tornem suas operações mais resilientes.
Outro benefício é a manutenção preditiva, que aumenta a confiabilidade da infraestrutura ao antecipar falhas. Soluções baseadas em blockchain podem garantir mais transparência e segurança nas transações de energia.
As barreiras para adoção da IA estão relacionadas à necessidade de digitalização das redes, ao investimento inicial em sensores e infraestrutura e à segurança cibernética. Ainda assim, o progresso das microrredes já movimenta bilhões de dólares globalmente, e a IA é um fator-chave para seu crescimento sustentável.
Na Schneider Electric, desenvolvemos soluções como o EcoStruxure™ Microgrid Advisor, que utiliza a IA para otimizar o gerenciamento de energia, propiciando mais eficiência e competitividade para nossos clientes.

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tecflow: Como a adoção da corrente contínua (DC) pode impactar o desenho das futuras microgrids e quais setores seriam mais beneficiados por essa mudança?
Fabio Castellini: A maioria das fontes renováveis, baterias e dispositivos eletrônicos já opera com corrente contínua (DC), porém a rede elétrica tradicional ainda funciona com corrente alternada (AC). Cada conversão entre os dois sistemas gera perdas energéticas.
Se conseguirmos aperfeiçoar a adoção de arquiteturas baseadas em DC, podemos diminuir essas perdas e tornar as microrredes ainda mais eficientes. Isso simplificaria o design dos sistemas elétricos e proporcionaria uma integração mais direta com fontes renováveis e sistemas de armazenamento.
Os setores que mais se beneficiariam são os data centers – que demandam alta confiabilidade energética – e indústrias de alta tecnologia, que operam equipamentos sensíveis a variações de energia. O segmento de mobilidade elétrica também seria impactado, uma vez que os veículos elétricos operam com corrente contínua e poderiam se integrar mais facilmente às microrredes.
tecflow: As usinas virtuais de energia (VPPs) podem substituir, no longo prazo, as grandes usinas de geração centralizada ou elas atuarão apenas como um complemento ao sistema elétrico tradicional?
Fabio Castellini: As usinas virtuais de energia (VPPs) têm uma importância decisiva na modernização do setor elétrico, mas não substituirão completamente as grandes usinas centralizadas. O que vemos é uma evolução para um modelo híbrido, em que a geração distribuída e as VPPs trabalham em conjunto com a infraestrutura tradicional.
As VPPs permitem coordenar diferentes fontes de geração distribuída – como painéis solares e baterias – de forma integrada, ajudando a reduzir picos de demanda e assegurando mais estabilidade para o sistema elétrico.
Elas aceleram a descarbonização e ampliam a resiliência da rede em momentos de instabilidade. Por outro lado, a geração centralizada é fundamental para garantir o fornecimento contínuo de eletricidade, especialmente em momentos de baixa geração renovável.
tecflow: Diante da crescente necessidade de segurança energética, como as empresas podem estruturar investimentos em microrredes sem comprometer sua viabilidade econômica?
Fabio Castellini: A segurança energética já deixou de ser apenas um diferencial. Hoje, ela é um fator estratégico para empresas e governos. Microrredes são uma solução eficaz, no entanto é essencial que os investimentos sejam estruturados de maneira financeiramente viável.
Uma opção eficiente é o modelo de Energy-as-a-Service (EaaS), que possibilita a implementação de microrredes sem a necessidade de grandes investimentos iniciais. Nesse formato, um parceiro financia e opera a infraestrutura, e a empresa paga somente pelo uso da energia.
O aprimoramento dos sistemas de armazenamento, como as baterias de sódio-íon, está fazendo com que as microrredes sejam ainda mais atrativas no mercado. Essas tecnologias permitem que as empresas otimizem o uso de fontes renováveis, diminuam custos com tarifas elevadas e até mesmo monetizem o excedente de energia.
Outro fator importante é a participação em programas de flexibilidade da demanda, que já estão sendo adotados por concessionárias para integrar microrredes à operação do sistema elétrico. Com essa estratégia, as empresas podem gerar receita adicional enquanto contribuem para a estabilidade da rede.
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Marciel
Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.