*Por: Celso Sato, CEO Accesstage
Participei recentemente de um evento que reunia empresários e autoridades do Japão, Brasil e Estados Unidos, cujo tema era tecnologia e como esses três países poderiam contribuir um com outro. Mostrei como o Brasil está evoluindo e seu grande potencial, uma vez que ao contrário das outras nações, está começando agora o salto para que as empresas mais valiosas sejam as de tecnologia, assim como é nos Estados Unidos, por exemplo.
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Mas o que falta para atrairmos investimento estrangeiro de longo prazo para o Brasil? Bem, um dos motivos, claro, é ainda nossa instabilidade fiscal e econômica, uma vez que tudo depende de quem está no comando do país. Os estrangeiros são mais maduros nesse setor e menos dependentes do cenário político.
Mas para além das questões políticas, o Brasil mesmo instável é um dos países no mundo que mais lançam startups e um dos top 5 quando se trata de startups unicórnios, aquelas empresas que em seu IPO valem mais que US$1Bi. Se somos assim tão bons em lançar novos negócios e negócios com alto valor, o que nos falta?
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Um dos pontos que percebo nesses 20 anos em que estou no mercado é que ainda somos um país conservador para investir e utilizar tecnologia. O movimento já começou, mas ainda temos uma estrada relativamente longa para percorrer. Se formos ver, há dez anos as empresas mais valiosas nos Estados Unidos eram empresas tradicionais de commodities. Hoje, é a Apple, uma empresa de tecnologia. Aqui precisamos dessa virada e parece que ela está vindo. A prova disso é o bom desempenho das empresas de tech que têm aberto capital na Bolsa recentemente.
A tecnologia ainda precisa passar pelo mesmo processo que está ocorrendo no setor financeiro. Hoje, entro nas redes sociais e vejo várias pessoas explicando como e onde investir. Falando de ações, de fundos, de formas diferentes de investir. Até então, a cabeça dos brasileiros era a poupança. Temos uma educação financeira acontecendo neste momento.
Fazendo um paralelo com o setor tech, da mesma forma, se pegarmos a figura do empresário, ele ainda acha que tecnologia é muito caro. Ele pensa que não tem dinheiro para isso. Assim como o era com o setor financeiro quando só se pensava na caderneta de poupança dos grandes bancos e hoje, temos as fintechse as corretoras provando que investir é acessível e fácil. Na tecnologia é a mesma forma.
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É mito falar que tecnologia é um arsenal caro para o empresário. Isso era, talvez, verdade há alguns anos. Não é mais depois que inventaram a nuvem, o Software as a Service (SaaS). Você calcula o quanto pode e quer pagar e tudo está disponível na nuvem para todos, desde um Pão de Açúcar até a mercearia da esquina de casa.
Acredito que, assim como no mercado financeiro, seja necessário investir em educação do varejo para que ele entenda que a tecnologia está acessível e que tudo é conforme você usa. É mito falar que as melhores tecnologias do mundo estão disponíveis para quem tem altos budgets para investir.
O segredo é pensar na jornada. Saber onde encontrar a melhor solução e buscar as plataformas que vão se adequar melhor à jornada do seu negócio. Por exemplo, você quando vai escolher uma nuvem onde você vai hospedar a solução, não vai trocar de nuvem todos os dias, vai continuar nela a médio e longo prazo. Saber escolher o seu parceiro sabendo que vai pagar menos, mas vai permanecer por muito tempo com ele. Diferentemente de um tempo atrás onde você pagava muito caro para uma jornada curta. Agora, paga-se muito pouco em pequenas doses (assinatura), mas a médio e longo prazo. Essa é a magia do SaaS.
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Hoje, tudo é serviço. Quer um exemplo? Antes eu tinha que comprar galões de água no supermercado e carregá-los para dentro do apartamento. Hoje, assino um serviço e tenho em casa um filtro que me fornece água potável, filtrada e gelada no momento em que eu quero por uma mensalidade. Como se não bastasse de tempos em tempos, alguém vem e faz manutenção da máquina e oferece uma mais moderna se for o caso. Isso é serviço.
Estamos caminhando para isso e pesquisas mostram que as gerações mais novas estão mais dispostas a usar do que possuir. A experiência é uma delícia, porque ninguém tem dor de cabeça. Quando algo estraga a prestadora de serviço resolve. Você não para seu negócio para resolver.
O mundo de tecnologia também virou as a service. Quem quer comprar um software? Tem que instalar, ter alguém para dar manutenção…Ninguém mais compra software, você contrata como serviço. É muito mais fácil e barato. Paga-se uma mensalidade e nela estão inclusas a utilização, a atualização do software, a manutenção e tudo que for necessário. Sem essa preocupação, pode-se, enfim, focar só no seu core business.
O varejo, o empresariado em geral, precisa mudar o modo como vê a tecnologia e parar de pensar em comprar, e sim em usar. Aí, o investimento é pago em doses homeopáticas, os contratos podem ser encerrados quando o serviço não interessa ou não atende mais as necessidades do negócio, sem amarras. O risco é zero.
Se você não investe em tecnologia a serviço do seu negócio porque acha caro, pare. Repense e procure parceiros que lhe ofereçam como serviço. Esse é o caminho.
*Celso Sato é presidente da Accesstage,Techfin, que integra tecnologia e serviços para simplificar e promover maior performance na gestão financeira, tem como posicionamento empoderar os gestores financeiros por meio de tecnologias para ver, prever e agir, assim tornando-os confiantes para tomar decisões acertadas.
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Marciel
Formado em jornalismo, o editor atua há mais de 10 anos cobrindo notícias referente ao mercado B2B. Porém, apesar de toda a Transformação Digital, ainda prefere ouvir música em disco de vinil.