Do analógico ao digital: qual é o real estágio da Saúde Digital no Brasil

Muito se discute sobre a Saúde Digital e seus benefícios e desafios para proporcionar uma assistência mais segura e de qualidade a um maior número de pacientes. Por conta disso, empresas e fornecedores de tecnologias têm disponibilizado no mercado novas soluções dedicadas a ajudar os hospitais a serem cada vez mais digitais e não somente digitalizados. Mas, atualmente, o real cenário do pleno exercício da Saúde Digital no Brasil é outro, bem diferente, como mostram os números do setor.

Dos 6.642 hospitais que existem atualmente no País, segundo a Federação Brasileira de Hospitais (FBH), somente oito são certificados pela Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS) como nível 7, que garante a maturidade necessária para classificar o Hospital Digital. Ou seja, menos de 0,1% do total de instituições é 100% digital.

Se olharmos, então, para essas organizações que ainda não têm uma maturidade digital completa, mas já se classificam como um hospital sem papel, ou paperless, esse número sobe para entre 150 e 200 hospitais brasileiros, sendo que 600 deles fazem apenas uma parte dos processos paperless, mas acabam imprimindo contas médicas para o faturamento hospitalar, por exemplo. Portanto, em uma visão ampla, temos 10% das empresas hospitalares privadas já iniciadas em algum grau na Saúde Digital.

Para Valmir Oliveira Júnior, diretor comercial de Produto da MV, os dados mostram o quanto a Saúde Digital ainda engatinha no País, embora a transformação digital tenha começado há cerca de dez anos:

“Nós vivemos em um mundo digital, no qual diariamente fazemos transferências bancárias digitais, pedimos comida pelo app e compramos no e-commerce, mas, basta entrar em um hospital, para imediatamente voltarmos aos tempos analógicos, com muito papel circulando livremente”, contextualiza.

Por trás desta morosidade, há um acúmulo de ônus para os hospitais e pacientes, que poderiam estar melhor assistidos se os caminhos para fomentar a transformação digital nos hospitais brasileiros acontecesse de maneira mais regular e consistente.

E na saúde pública?

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Se para a saúde privada está difícil avançar nesse caminho, para o setor público a falta de aderência na Saúde Digital pode até custar repasses do governo federal, como explica Vandré Dall`Agnol, diretor de Unidade de Negócios da MV: “Os gestores públicos municipais estão mais preparados com a gestão em Saúde e sabem que precisam aderir ao digital para garantir o repasse de verbas. Mas, o desafio ainda é ter os equipamentos e softwares certos para tal tarefa, além da adesão dos funcionários à tecnologia.”

A chamada temporalidade da administração pública, com a troca de gestão a cada quatro anos, pode estar também entre os motivos para a ruptura no avanço digital: “Para mudar isso, é preciso ter investimento em tecnologia e uma disruptura cultural importante, para que todos os envolvidos entendam e percebam os benefícios da Saúde Digital”, completa Dall`Agnol.

Uma saúde pelos dados

Sócrates Cordeiro, Diretor da Unidade de Negócio de Gestão Estratégica da MV e especialista em Analytics para a área de Healthcare, a Saúde Digital ainda tem o potencial de ajudar em uma melhor tomada de decisão dos gestores. “A partir da análise e ciência de dados é possível saber onde colocar uma UPA ou uma UBS, para que esteja exatamente onde o paciente mais necessita”, exemplifica. Nessa linha, também dá para contratar as especialidades médicas mais procuradas e alocar esses profissionais nos locais de maior busca por parte da população.

“Sem essa análise, tudo vira um chute. E ele pode ser tão errado que até piora a vida dos pacientes”, completa.


BI é um conceito bastante antigo na Saúde Digital, porém, ainda muito útil ao gestor em Saúde, como lembra Cordeiro: “Quando os gestores não são orientados por dados e fatos, estarão fadados ao fracasso; o que, no caso da Saúde, pode ser bastante custoso para toda a população”, finaliza.

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Leandro Lima

Graduado em tecnologia em design gráfico, sou apaixonado pela fotografia e inovações tecnológicas. Atualmente escrevo para o Tecflow.

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